PF caça envolvidos no caso Banestado em todo o Brasil

São Paulo

? A Polícia Federal deflagrou às 5 horas da manhã de ontem, a Operação Faroleiro – conhecida também como Operação Polvo e Farol da Colina. São mais de 800 homens distribuídos em oito estados brasileiros, a maioria em São Paulo e Rio de Janeiro. Só em São Paulo, foram alocados num hotel no centro da cidade cerca de 230 agentes federais de Brasília. O doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, foi preso.

A Operação Faroleiro leva este nome em decorrência do banco Beacon Hill, cuja tradução literal é “farol”. O Beacon Hill é apontado como um dos maiores lavadores de dinheiro no esquema do Banestado de Foz do Iguaçu, agência acusada de ter lavado em 4 anos, junto com o Banestado de Nova York, cerca de US$ 30 bilhões.

A Operação Faroleiro visou buscar computadores e documentos dos investigados por lavagem de dinheiro. A Beacon Hill Service Corporation foi indiciada pelo do promotor distrital (district attorney) de Manhattan, Robert Morgenthal. É acusada de ser intermediária na abertura de contas em paraísos fiscais e em esquemas de lavagem de dinheiro. Segundo o MP americano, entre 2001 e 2002 a Beacon Hill teria movimentado remessas num total de US$ 3,2 bilhões – em apenas 40 contas que tiveram quebra de sigilo pelas autoridades americanas.

A Beacon Hill foi a responsável pela abertura da conta camuflada “Tucano” (número 310035), no banco J.P. Morgan Chase, que recebia transferências ilegais de dinheiro. Segundo a CPI mista do Banestado saiam remessas, em nome da Beacon Hill, para contas de políticos brasileiros, como Ricardo Sérgio Oliveira – ex-caixa da campanha do PSDB, e João Bosco Costa – ex-diretor do Previ.

Morgenthal cita também como investigado o ex-governador Paulo Maluf. A Beacon Hill também é acusada de ter agenciado 18 remessas para contas em paraísos fiscais feitas pelo presidente da Ponte Preta de Campinas, Sérgio Carnielli, que somam US$ 615 mil. Na conta Tucano, segundo a CPI, a Beacon Hill teria movimentado cerca de US$ 28 milhões, entre 1996 e 1998.

O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), presidente da CPI Mista do Banestado, afirmou que já foram feitas diligências em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e São José do Rio Preto (SP), no Brasil. “De Washington e Nova York, nos Estados Unidos, trouxemos imenso volume de documentos sobre empresas off shore, entre elas a Beacon Hill, considerada a holding dos doleiros sul-americanos, em cujas contas circularam cerca de US$ 10 bilhões retirados ilegalmente do Brasil.

Um golpe na lavagem de dólares

Brasília

– Todos os mandados foram expedidos pelo juiz Sérgio Moro, da 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba, que já julgou processo contra ex-dirigentes do Banestado. Em Belo Horizonte estava previsto o cumprimento de 17 mandados de prisão; em Curitiba, cinco mandados; em Recife (cinco mandados); João Pessoa (dois mandados); Belém (oito mandados); Manaus (quatro); Rio de Janeiro e Niterói (28 mandados); e São Paulo. Até o começo da noite de ontem foram presos 63 doleiros.

Entre os empresários com mandado de prisão estão Raul Davis, que tem um escritório no Leblon, área nobre do Rio, que também está sendo vasculhado pela PF; Armando Santome e Dario Messer, que teria uma casa de câmbio em Copacabana. Na Ilha do governador, os policiais tentaram prender o dono da Royal Turismo, Agostinho Rameiro, mas, segundo seu genro, que não se identificou, ele estaria viajando. A PF levou para a superintendência o genro de Rameiro. O delegado Paulo Lacerda, diretor da PF, orientou os policiais a fazer uma operação com “precisão cirúrgica”, para evitar problemas como os ocorridos na ação de busca e apreensão na Caixa Econômica, semana passada.

Dez horas após deflagrada pela PF, a Operação, Farol da Colina contabilizou somente em São Paulo, 24 prisões, dentre elas a do doleiro Antônio Oliveira da Claramunt, o Toninho da Barcelona. “A operação está sendo um sucesso e para nós (PF) não existe prazer maior do que a prisão do Toninho da Barcelona”, afirmou o porta voz da Superintendência da PF, delegado Wagner Castilho.

A primeira pessoa presa em São Paulo pela operação foi o doleiro Toninho da Barcelona. Ele foi preso na madrugada, quando circulava com um parente pela Avenida Sumaré, Zona Oeste da capital. “Era uma questão de honra para a Polícia Federal prender esse doleiro”, reiterou o delegado Wagner Castilho.

Segundo Castilho, a movimentação num sistema chamado de “dólar a cabo”, uma transação na qual empresários e comerciantes indicavam, via doleiros, contas no exterior para receber recursos sem recolhimento de impostos ou declarações à receita federal. Os envolvidos estão sendo enquadrados nos seguintes crimes: evasão de divisas, sonegação fiscal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.

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