PF apura aliciamento de policiais por Abadía e Beira-Mar

A Polícia Federal investiga a participação de policiais e agentes penitenciários com o esquema criminoso montado pelos narcotraficantes Fernandinho Beira-Mar e Juan Carlos Abadía, no Presídio Federal de Campo Grande (MS), para seqüestrar autoridades e facilitar fugas. A PF ainda compila os dados obtidos graças a escutas, investigações e observações dos presos – que se comunicavam por meio de mímica – para verificar se agentes públicos foram aliciados. Por conta disso, há a possibilidade de ocorrerem novas prisões da chamada Operação X nos próximos dias.

Um dos objetivos do esquema criminoso, articulado com a cumplicidade de dois dos principais ladrões de banco do País, também presos ali, era aterrorizar juízes que atuam nos seus processos, como o corregedor Odilon de Oliveira, e autoridades com poder de atrapalhar os negócios milionários dos bandidos fora da prisão. Os nomes das autoridades e de outros alvos das ações são mantidos em sigilo, por razões de segurança e por determinação judicial.

A Operação X foi desencadeada pela PF em parceria com o Ministério Público Federal, depois de cinco meses de investigações. A segurança do presídio foi reforçada e o regime prisional dos envolvidos severamente endurecido anteontem. Abadía e Beira-Mar também usaram os advogados e familiares de grupos criminosos diversos, incluindo o Primeiro Comando da Capital (PCC), para executar planos do lado de fora do presídio. As ações ocorreriam em São Paulo, Rio e Mato Grosso do Sul.

Ainda não se sabe até que ponto os criminosos avançaram nos planos de atacar parentes de integrantes do Poder Executivo, embora uma lista com nomes tenha sido anexada ao inquérito, e se contaram com a colaboração de servidores. Os narcotraficantes tinham duas linhas de ação para fugir de Campo Grande: ou uma ação direta, como a de abril (quando um grupo não identificado atacou a prisão federal), ou um resgate em uma transferência de presos. Os seqüestros serviriam para pagar “soldados do crime”. “Se fosse necessário, admitiam até mesmo o seqüestro de juízes ou secretários de governo para trocá-los pelos líderes da quadrilha”, disse o diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Wilson Damásio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.