Petrobras acha novo poço na Bacia de Campos

Rio – Uma nova descoberta de petróleo na Bacia de Campos criou a quarta maior reserva do País, no bloco BC-60, no litoral do Espírito Santo. A jazida, com cerca de 900 milhões de barris de petróleo, é menor apenas do que os megacampos de Marlim, Marlim Sul e Roncador, na mesma região. A Petrobras está antecipando o desenvolvimento da produção no local, um complexo que já abrigava o campo de Jubarte, com 600 milhões de barris, descoberto este ano. Ontem foi confirmada oficialmente o novo reservatório, com mais 300 milhões de barris.

O diretor-gerente de exploração e produção corporativo da empresa, Carlos Alberto Oliveira, disse que ainda não há uma previsão de investimentos e início da operação comercial dos campos, mas estudos internos indicam que só em Jubarte poderão ser gastos cerca de US$ 1,5 bilhão. Os recursos seriam destinados à construção de uma plataforma e da infra-estrutura de escoamento do petróleo e gás produzidos.

Geralmente, o prazo para campos como este entrarem em produção comercial gira entre três e cinco anos. O BC-60 já produz 17 mil barris de petróleo por dia, em fase de testes, em Jubarte. “O poço produtor em Jubarte pode chegar a 25 mil barris por dia, mas o equipamento instalado no campo não suporta”, disse o executivo. Segundo ele, outros poços serão perfurados no campo, elevando o potencial de produção do bloco para até 200 mil barris de petróleo por dia.

Nos próximos dias a estatal apresentará à Agência Nacional do Petróleo (ANP) a declaração de comercialidade do campo. A partir daí, inicia a fase de desenvolvimento da produção, na qual perfura poços produtores e constrói e instala os sistemas de produção. O campo descoberto ainda não tem nome, mas já é considerado comercial e não precisará passar pela fase de testes para verificação de potencialidade.

“Estamos perfurando apenas mais um poço, para medir a extensão das reservas. Depois disso, declaramos a comercialidade à agência”, informou Oliveira. O novo reservatório tem um petróleo “um pouco melhor” que o de Jubarte, com 19º API (medida internacional de qualidade) – Jubarte tem 17º API. Quanto maior o grau API, mais leve é o óleo e, portanto, tem maior valor de mercado, por produzir derivados mais nobres.

Óleo de Marlim vai para fora

A nova descoberta coroa um ano de boas notícias para este mercado, que não tinha grandes novidades desde 1996, quando foi descoberto o campo de Roncador, na Bacia de Campos. Este ano a Shell anunciou duas descobertas, uma em Campos e outra na Bacia de Santos. A francesa Totalfina Elf e a norte-americana Devon também comunicaram à ANP que encontraram petróleo em Campos, maior região produtora do País, responsável por cerca de 80% da produção nacional.

As multinacionais não se manifestam sobre as descobertas e ainda não há planos de início das operações nos campos. A descoberta da Shell foi a segunda no mesmo bloco exploratório, que já tem cerca de 480 milhões de barris de reservas – 150 milhões de óleo de boa qualidade. A expectativa do mercado é que o ano que vem traga mais boas notícias para o setor, uma vez que os trabalhos exploratórios na plataforma continental brasileira estão chegando à maturidade.

Para a consultora Fabiana Fantoni, da Tendências Consultoria, as novas descobertas reforçam a necessidade de ampliação do parque brasileiro de refino. “Caso esses investimentos não sejam feitos, o Brasil corre o risco de ter de exportar o excesso de petróleo produzido e importar os derivados para suprir a demanda interna”, analisa. Atualmente, a Petrobras já exporta o óleo pesado do campo de Marlim, na Bacia de Campos, para o qual não tem capacidade de refino, e importa derivados.

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