Brasília

 – O ano legislativo mal começou e os pedidos de CPI já se acumulam na Mesa da Câmara. Diferentemente do Senado, que tem apenas um. Desde que tomou posse no primeiro mandato como senadora, Ideli Salvati (PT-SC) tem se dedicado a procurar os colegas para pedir-lhes apoio à criação de uma CPI para vasculhar as remessas ilegais de dinheiro para o exterior. Ela recebeu o aval do líder do partido Tião Viana (AC) para a tarefa de obter as 27 assinaturas exigidas. Na lista, contudo, dificilmente estará o nome do líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), cuja carreira foi alavancada pela atuação em CPIs importantes, como a que desvendou o esquema PC Farias (Paulo César Farias, tesoureiro, já falecido, do ex-presidente Fernando Collor). Mercadante explica que ainda não há posição oficial sobre o assunto.

“No momento em que o País clama por justiça, transparência e respeito ao dinheiro público, o melhor que o Senado faz é exercer suas funções constitucionais e investigar essas denúncias ? diz a senadora.

Segundo ela, estima-se que cerca de US$ 30 bilhões (aproximadamente R$ 105 bilhões) tenham sido enviados ilegalmente para contas em paraísos fiscais entre 1996 e 1999. No requerimento, ela lista reportagens publicadas este ano em jornais e revistas que denunciam casos de lavagem de dinheiro, como o caso dos fiscais da Secretaria de Fazenda e da Receita Federal no Rio de Janeiro: o caso Silverinha. O escândalo também é alvo de um pedido de CPI na Câmara, apresentado pelo deputado Alexandre Santos (PSDB-RJ). Ele foi o terceiro deputado a protocolar um pedido de CPI na Mesa Diretora.

Grampos

O deputado Raul Jungmann (PMDB-PE), que coleta assinaturas para investigar os 232 grampos telefônicos ilegais da Bahia, perdeu tempo. Na sua frente estão 29 pedidos já protocolados e só os primeiros cinco têm chance de sair do papel.

Coincidência ou não, os dois primeiros pedidos de CPI têm a marca da deputada Laura Carneiro (PFL-RJ). Ela quer investigar formas de violência contra crianças e adolescentes e os atentados e os crimes praticados contra políticos.

O quarto da lista é o deputado Agnaldo Muniz (PPS-RO), que pretende apurar o tráfico de mulheres e crianças para o exterior.Wilson Santos (PSDB-MT), o quinto, pede para que saia dos arquivos o pedido de CPI sobre combustíveis.

Os petistas, tradicionais defensores de CPIs, deixaram passar as primeiras vagas. Mas em sexto lugar está o deputado Doutor Rosinha (PT-PR), que deseja apurar a prática de tortura e maus-tratos de menores em presídios.

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