Partidos em guerra pelas comissões

Brasília – A nova Câmara dos Deputados tomou posse ontem em pé de guerra. Maior conquistador de novos filiados da semana, o PTB foi abatido em pleno vôo. Sem ser informado da perda, em cima da hora, de um de seus deputados para o PL, o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ), concordou com uma fórmula pela qual ficou sem uma das duas comissões a que teria direito. Para fechar o acordo, Jefferson se baseou num documento, com o registro das mudanças, de 10h49m. Não sabia que existia um de 11h03m. No primeiro, tinha 42 deputados (o suficiente para garantir a presidência de duas comissões). No segundo, tinha uma bancada de 41, o bastante para uma comissão apenas.

Foi o PL quem levou o deputado Welington Roberto (PB), mas, no fim das contas, o beneficiado foi o PMDB, que passou a ter direito a três comissões. Na reunião, PMDB e PL, através de um acordão, jogaram juntos, alimentando as suspeitas do PTB de que houve uma armadilha. Com a nova lista em mãos, o peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN) insistiu para que os líderes aceitassem o critério pelo qual valeria o último balanço anterior à reunião.

Ao sair da reunião, desnorteado, Jefferson telefonou para o líder do PPB na Câmara, Pedro Henry (MT), que investiu para que o PTB concordasse com a idéia. “Você sabia dessa segunda lista? Porque é disso que vai depender nossa relação a partir de agora”, avisou Jefferson, supondo que Pedro Henry tenha se aliado ao PMDB e ao PL para provocar esse desfalque na bancada petebista.

O deputado Roberto Freire (PE), que assumiu a liderança do PPS, tentou defender na reunião que o critério das bancadas fosse o mesmo que será usado para a contagem do tempo de televisão no horário eleitoral: o partido pelo qual o deputado tomar posse. Ele já tinha duas novas adesões, vindas do PL, o que faria sua bancada crescer para 21. Embora tenha elevado bastante o tom, acabou concordando com o critério da última contagem antes da reunião, ou seja, a lista das 11h03.

Por essa lista, as bancadas ficarão assim: PT 91 deputados, PFL 77, PMDB 70, PSDB 63, PPB 43, PTB 41, PL 34, PSB 28, PPS 19, PDT 18, PCdoB 12, Prona 6, PV 6, PSL 2, PMN 2 e PSC 1. O acordo feito ontem pelos líderes também incluiu a possibilidade de formação de blocos até o dia 15 de fevereiro. Isso significa que se dois ou mais partidos se unirem em bloco, a correlação de forças poderá se modificar e a distribuição para comissões e relatorias também. Mas mesmo que um partido consiga aumentar sua bancada, como anuncia o PPS, o número de deputados será o contido na lista das 11h03m.

Lideranças

Numa disputa acirrada, o deputado Eunício Oliveira (CE) foi eleito novo líder do PMDB na Câmara. Também concorreu ao cargo o deputado Barbosa Neto (GO). Eunício Oliveira disse que, além do resultado, o que o deixou mais feliz foi ter sido selada a unidade do partido. “Eu e o deputado Barbosa Neto assumimos o compromisso de selar a unidade do PMDB depois da disputa. Aqui, não há vencedor, nem derrotado”. O novo líder disse que houve uma disputa legítima, democrática dentro do PMDB e que, agora, espera contar com o apoio de todos para que o partido possa transformar esse País, fazer as reformas que ele precisa, na visão crítica do PMDB. Para a eleição do novo líder do PMDB, foram apurados 69 votos, dos quais 36 dados ao deputado Eunício Oliveira e 33 para o deputado Barbosa Neto.

Durante a cerimônia de ontem, o secretário da Mesa, deputado Barbosa Neto (PMDB-GO), a renúncia do deputado eleito Henrique Meireles (PSDB-GO) às prerrogativas do cargo de deputado federal tendo em vista o fato de ter assumido o cargo de presidente do Banco Central do Brasil. Em seu lugar, assumiu a vaga o primeiro suplente, deputado Ênio Tatico (PTB-GO). Também foi lida a renúncia do deputado eleito Jorge Miguel Samek (PT-PR) do cargo de deputado federal, que assumirá a presidênda da Itaipu Binacional. Em seu lugar, assumiu a vaga a primeira suplente, deputada Selma Schons (PT-PR).

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