A Parada Gay de São Paulo trouxe ontem, em sua 18ª edição, a mistura da crescente responsabilidade política, com cobranças pela criminalização da homofobia, e as raízes de festa, marcada por fantasias e performances artísticas. Segundo a Polícia Militar, cerca de 100 mil pessoas foram à Avenida Paulista. Já os organizadores estimam entre 3 e 4 milhões.

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O dia de festa, no entanto, terminou em desentendimento entre a organização e a Prefeitura sobre a coordenação do show de encerramento, na Praça da República.

Nas cerimônias que antecederam a festa na manhã deste domingo, 4, o presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT, Fernando Quaresma, reivindicou a criminalização da homofobia e a aprovação da Lei de Identidade de Gêneros, que facilita cirurgia e mudança de registro civil para transexuais.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) ainda anunciou ontem que o Casarão Franco de Mello, no número 1.919 da Avenida Paulista, abrigará o Museu da Diversidade, hoje em um espaço expositivo na Estação República do Metrô. “Ela vai ser todinha restaurada.” Alckmin não deu prazo para a abertura do imóvel, que não foi desapropriado pelo governo. O prefeito Fernando Haddad (PT) e a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos, também participaram do evento.

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Mobilização

Em ano eleitoral, representantes de partidos políticos aproveitaram a festa para distribuir santinhos de apoio à causa LGBT. Um boneco inflável do deputado Marco Feliciano (PSC-SP), que presidiu em 2013 a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara sob críticas de movimentos sociais, foi visto entre a multidão.

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A impressão era de que o público recuou em relação aos últimos anos. “Antecipamos em um mês por causa da Copa e estávamos incertos em relação ao público”, disse Marcos Freire, um dos diretores do evento. “Mas não temos essa preocupação numérica. O importante é que as pessoas estejam na rua.”

“Estava bem mais cheio nos anos anteriores”, reconheceu o garçom Marcos Queiroz, de 32 anos, que foi à festa na Paulista pela oitava vez.

Mesmo sem falar o idioma da maioria, o escocês Neil Christensen, de 37 anos, curtiu a festa. “Viajei só pela parada e é muito animada. Gostaria de vir outra vez”, disse ele, acompanhado de brasileiros e estrangeiros.

Encerramento

No fim do dia, participantes se concentraram na Praça da República para os shows de encerramento. A principal atração foi a cantora Wanessa Camargo.

No entanto, os organizadores reclamaram da estrutura organizada pela Prefeitura. “Não conseguimos nem acompanhar o show da Wanessa, porque os seguranças nos impediram de entrar na área na frente do palco”, disse o presidente da associação.

“Faltavam várias coisas, como telão. Os seguranças eram despreparados, alguns até bêbados. No camarote, de 600 convites, recebemos só 170”, afirmou Quaresma, que também criticou a cantora por cancelar uma entrevista coletiva ao fim do evento.

O coordenador de políticas LGBT da Secretaria de Direitos Humanos, Alessandro Melchior, nega. “Fizemos um acordo sobre as cores de pulseirinhas que seriam liberadas no backstage e eles não obedeceram. Muita gente tentou entrar sem pulseira e nossos seguranças estavam barrando. Mas nossos seguranças acabaram sendo constrangidos a liberar muita gente, o que gerou vários problemas de segurança na área do palco”, disse Melchior. “A Prefeitura paga dois terços desse evento e nem subiu no palco.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.