Brasília – Ao comentar declaração do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio sobre a falência do sistema prisional no Brasil, o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carcerário da Câmara dos Deputados, deputado Domingos Dutra (PT-MA), disse nesta terça-feira (11) que Poder Judiciário precisa cumprir o seu papel.

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Ontem (10), em São Paulo, durante a entrega do prêmio Franz de Castro Holzwarth de Direitos Humanos, na sede paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Marco Aurélio afirmou que o sistema carcerário brasileiro desonra a Constituição Federal, com ?métodos que, em certos casos, fariam enrubescer nazistas?.

Segundo o deputado Domingos Dutra, a falta de assistência jurídica é o maior gargalo do sistema carcerário. ?A maioria dos presos não tem advogado, o juiz nomeia um defensor dativo, que faz a defesa prévia de uma linha, não instrui o processo, faz alegações finais de meia página e não recorre e nem se esforça?, afirmou Dutra, após audiência com o ministro da Justiça, Tarso Genro.

Na opinião do parlamentar, existem "muitos juízes preconceituosos, que não gostam de pobre?. Segundo ele, esse preconceito somado à eficiência do Ministério Público para acusar, já que é "melhor aparelhado" que as defensorias, resulta em sentenças desproporcionais aos crimes cometidos.

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Ele defendeu visitas periódicas de juízes aos presídios. ?Muitos presos que já estão com pena vencida continuam em sela imundas por conta da superlotação?.

O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Paulo Vannuchi, também comentou nesta terça-feira a declaração do ministro Marco Aurélio, avaliando-a como positiva, apesar de ressalvar a retórica: ?A metáfora com o nazismo é forte, mas eu recolho a melhor dimensão que é o ministro do Supremo se mostrando sensível aos direitos humanos?.

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Vannuchi disse que irá procurar Marco Aurélio para debater a organização de eventos em 2008, por todo o país, que tratem da relação entre o Poder Judiciário brasileiro e os direitos humanos. ?Queremos fazer seminários conjuntos. Eu creio que existam juízes que conheçam pouco os tratados de que o Brasil faz parte e também carentes de momentos de atualização?.

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) foi procurada e informou, por meio de sua assessoria, que deve se manifestar à respeito das críticas aos juízes nesta quarta-feira (12).