Para Lula, brasileiro tem que ser como vietcong

Num discurso que começou lido e terminou de improviso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer ontem que os brasileiros devem usar a auto-estima e a determinação para superar os desafios econômicos e sociais, citando como exemplo, desta vez, os vietnamitas, que venceram uma guerra contra os EUA.

Lula relatou ter assistido a um documentário mostrando que o governo do presidente norte-americano Lyndon Johnson acreditava, na primeira metade da década de 1960, que seria fácil vencer o conflito. ?Quando se discutiu o início daquela guerra, quais eram as vantagens da força bélica americana, todo mundo tinha em conta que era chegar lá, o americano dar um tiro, correr para o abraço e comemorar a vitória?, disse Lula.

Ele contou que o então secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Mac Namara, tempos depois, disse ao presidente Johnson: ?Tá ficando difícil, tá ficando difícil, porque não estamos enfrentando um exército. Nós derrubamos uma ponte e eles (vietnamitas), na semana seguinte, constroem uma de bambu. Destruímos uma estrada e, depois, um velhinho de 70 anos carrega 90 quilos numa bicicleta para suprir a falta de caminhões?.

?A história todo mundo sabe. Todo mundo sabe como terminou aquela guerra. E isso é o que eu vejo aqui?, disse Lula num elogio aos trabalhadores das minas da Vale do Rio Doce. Os Estados Unidos abandonaram o Vietnã em 1973, depois de quase 10 anos de intervenção militar efetiva no país. A guerra ainda iria até 1975, envolvendo tropas do Vietnã do Norte e do Sul. Ao falar da capacidade dos brasileiros em vencer desafios, Lula disse: ?Eu aprendi que tem uma coisa neste País que poucos países têm, que é a auto-estima do nosso povo.

Lula também reafirmou que o Brasil entrou numa rota de crescimento sem volta. Ao inaugurar uma mina de cobre da Vale do Rio Doce no Pará, ele disse que o governo fez o sacrifício que tinha de fazer nos seus primeiros 18 meses, pois não queria apenas ?mais uma bolha de crescimento?. ?Não reclamamos, não choramos, não lamentamos porque não queríamos ficar apenas diagnosticando o que tinha sido feito, era preciso dizer o que íamos fazer.?

A uma platéia formada por autoridades locais, Lula criticou governos anteriores por não terem investido em infra-estrutura e no setor mineral. ?O Brasil poderia ter hoje outras Carajás, produzindo muito mais riquezas para o nosso País?, disse. ?Mas se o Estado não faz a sua parte e não investe no mapeamento do subsolo, como atrair investimentos externos??, disse.

Voltar ao topo