Pane no Cindacta 2 desencadeia atrasos

  Chuniti Kawamura / GPP
Chuniti Kawamura / GPP

As fortes chuvas que caíram em
Curitiba, no domingo, danificaram
uma rede de dados de comunicação. 51,3% dos vôos atrasaram.

São Paulo (AE) – Os passageiros voltaram a enfrentar mais um dia problemático com atrasos em vôos nos principais aeroportos do país, ontem. Dos 1.270 vôos programados até as 18h30, 651 sofreram atrasos superiores a 15 minutos, o que representa um total de 51,3% de vôos, segundo balanço divulgado pela Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero). Em alguns casos, a espera ultrapassou dez horas, mas a média ficou por volta de uma hora.

Segundo a Infraero, 543 vôos atrasaram mais de 45 minutos, 586 vôos decolaram ou pousaram com mais de 30 minutos de atraso e 651, com mais de 15 minutos. A empresa considera atrasos de 15 e 30 minutos como ?aceitáveis na rotina de vôos?.

Desta vez, a Aeronáutica ressaltou que o atraso não teve nenhuma relação com o controle de tráfego aéreo, que tem causado problemas em várias regiões do país. De acordo com o órgão, o problema foi causado pelas as fortes chuvas que caíram em Curitiba e região metropolitana, na tarde de domingo, que derrubaram árvores e acabaram danificando uma rede de fibras óticas da Embratel, na qual trafegam dados de comunicação do Centro Integrado de Defesa e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta 2), que coordena o espaço aéreo da região sul do país.

Com isso, algumas freqüências ficaram indisponíveis e a comunicação precisou ser realizada pelas que restaram, tornando-a mais lenta. ?Isso fez com que vários vôos fossem retidos?, disse o porta-voz do órgão. O problema, segundo o Cecomsaer, foi sanado durante a madrugada de ontem. Além disso, o porta-voz disse que se somou um problema no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde um avião estourou o pneu, o que provocou interdição por alguns minutos. Outro problema é que, por volta das 23 horas, a tempestade que caiu em Curitiba chegou a São Paulo, atrasando vôos na capital paulista, com reflexo para outras regiões.

Movimento intenso

No Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, os passageiros enfrentavam atrasos a partir de 40 minutos até o final desta tarde. Em alguns vôos, essa espera se estendia por até três horas e meia. De acordo com a Infraero, das 6 às 17 horas, dos 50 vôos previstos, 30 apresentaram atrasos. A movimentação nos balcões de check-in da Gol e da TAM foi intensa, mas sem tumultos.

Além da tempestade no sul e o rompimento do cabo de fibra ótica, dois outros problemas contribuíram para a ocorrência de atrasos em Congonhas. O aeroporto chegou a ficar fechado por 40 minutos, depois das 20 horas no domingo, devido à chuva forte que caiu em São Paulo. Para complicar ainda mais a situação, por volta das 22h55, um jato executivo, que vinha de Manaus, derrapou na pista principal do aeroporto, que ficou fechada para pousos e decolagens até a 0h48. Nesse tempo, somente a pista auxiliar de Congonhas recebeu os vôos até as duas horas.

Com todos esses transtornos, muitos passageiros passaram a noite no aeroporto e dormiram nas salas de embarque que, de acordo com a Infraero, pela primeira vez, ficaram abertas durante a madrugada. Das 19h de domingo às 2h de ontem, 34 vôos atrasaram e 18 foram transferidos para o Aeroporto de Guarulhos. No Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, houve pelo menos 25 vôos atrasados – 14 decolagens e 11 pousos – com uma média de espera de uma hora durante a tarde. No Rio de Janeiro, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, alguns vôos atrasaram mais de dez horas.

Para Infraero, tráfego aéreo foi ?brilhante?

Brasília (AE) – O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, disse que o tráfego aéreo trabalhou de forma brilhante. Ele reconheceu que a situação vivida pelo setor, entre domingo e ontem, foi extremamente complicada, mas que o sistema de tráfego aéreo desta vez trabalhou de forma brilhante para controlar um problema técnico e a situação climática. ?A condição meteorológica foi implacável. Isso é raro acontecer no país, mas em outros lugares do mundo acontece, gerando o caos. Foi um fenômeno muito atípico, uma situação meteorológica atípica?, afirmou.

O brigadeiro José Carlos Pereira comentou os transtornos vividos principalmente nos aeroportos do sul e sudeste do Brasil. Ele voltou a declarar que essas regiões viveram uma situação atípica tanto em razão de problemas com um cabo óptico no Cindacta 2, em Curitiba, como a chuva forte de domingo, que provocou o fechamento de vários aeroportos.

O presidente da Infraero comentou ainda o acidente com um jato executivo particular em Congonhas, na zona sul de São Paulo. Segundo ele, isso também contribuiu para piorar a situação. O aparelho sofreu uma derrapagem por causa do acúmulo de água na pista, gerando a interdição do aeroporto por cerca de uma hora do aeroporto e a transferência de vôos para o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos. Lá, os policiais chegaram a sacar armas para tentar conter os tumultos.

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