Palocci: Brasil sofre de uma doença grave

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, respondeu ontem às críticas que recebe sobre juros altos afirmando que o Brasil sofre de uma doença grave, a inflação, cujo tratamento não pode ser interrompido a qualquer momento. “Temos consciência de que o maior e o mais comum dos erros no tratamento das doenças graves é interrompê-lo na metade, com o primeiro sinal de melhora do paciente”, afirmou Palocci, que é médico sanitarista e freqüentemente recorre a analogias com a medicina em seus discursos.

Rio – Segundo o ministro da Fazenda, se interromper o tratamento, “a doença retorma com mais força, obrigando a medicações mais fortes e mais danosas ao organismo. Acontece o mesmo na economia”, completou o ministro. Segundo Palocci, as reformas estruturais enviadas pelo governo ao Congresso é que devem criar as condições para que as taxas de juros retrocedam “no tempo adequado”.

O ministro classificou a recente mudança qualitativa dos indicadores econômicos brasileiros, como a queda do risco-país, a apreciação do real e a baixa da inflação, como fruto de um trabalho “sério e convincente”, que vai continuar especialmente com as reformas. Palocci disse que nos primeiros meses do governo Lula, a preocupação foi de deixar tudo em ordem. “Estivemos preocupados em arrumar a casa.” Para o ministro, esse planejamento é importante para que se possa conseguir a redução da relação dívida/Produto Interno Bruto, que segundo ele, superou os 60%. “Nossa intenção é que essa relação recue para menos de 40% no longo prazo, reduzindo a vulnerabilidade da economia.”

Palocci comentou ainda que “gostaria apenas de cometer erros novos. É preciso correr risco, sempre calculado, com espaço para orientações, para que o País dê um passo a frente”. Palocci destacou os compromissos assumidos em campanha e durante o período de transição, como o respeito aos contratos e com o superávit primário do setor público consolidado. O ministro também ressaltou o compromisso assumido com a inflação e disse que há espaço para que o setor tecnológico cresça. Palocci disse que é necessário que se tome iniciativas que favoreçam o mercado interno. O ministro afirmou que medidas, como a concessão de benefícios, adotados em anos anteriores, não foi suficiente para incentivar o setor.

“O Brasil é complexo e precisa de estratégia diversificada para o desenvolvimento. O Brasil também tem diferenças regionais e requer políticas adequadas”, disse, destacando que o governo está propondo um novo fundo regional para estimular a expansão do setor. Em sua palestra, o ministro disse que o governo está trabalhando em uma política industrial que inclua uma “cuidadosa” substituição de importações. “A retomada do desenvolvimento não surge espontaneamente da estabilidade”, argumentou.

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