O Brasil teve déficit de R$ 255 milhões em sua capacidade de financiamento em relação ao exterior no terceiro trimestre, o que interrompeu uma seqüência longa de superávits nesse ponto nos últimos anos. O dado faz parte da pesquisa do Produto Interno Bruto (PIB), divulgada esta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No terceiro trimestre do ano passado, o Brasil tinha superávit de R$ 14,122 bilhões nessa conta. Na comparação só com terceiros trimestres, a última vez que tinha ocorrido um déficit nisso foi em 2001, quando a necessidade de financiamento foi de R$ 11,048 bilhões.

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No acumulado do ano, o Brasil ainda tem um superávit de financiamento de R$ 1,9 bilhão. No mesmo período de 2006, o saldo era positivo em R$ 15,8 bilhões.

A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, minimizou: "por enquanto, é uma necessidade muito pequena para a quantidade de reservas internacionais que a gente tem. A gente não foi tão afetado por essa crise internacional porque a gente tem um colchão tão grande, que faz marola lá (nos Estados Unidos), faz só uma marolinha aqui (no Brasil)".

Ela admite que o fato de as importações estarem crescendo a um ritmo superior ao das exportações continuadamente pode indicar uma tendência de necessidade de financiamento externo, mas comentou que "só no futuro a gente vai conseguir saber por quanto tempo isso vai ocorrer ou se vai ter uma mudança de política que vai reverter isso de novo".

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De acordo com Cláudia Dionísio, economista da coordenação de Contas Nacionais do IBGE, as informações do balanço de pagamentos do Banco Central mostram superávit porque não incluem o contrabando, enquanto o IBGE estima também as importações ilegais. A renda líquida enviada ao exterior no terceiro trimestre deste ano, segundo a pesquisa do PIB, foi de R$ 12,8 bilhões, superior em R$ 1,1 bilhão a enviada no terceiro trimestre do ano passado, que foi de R$ 11,7 bilhões. Cláudia atribuiu o aumento da renda enviada ao câmbio, favorável às importações e não para as exportações, e ao aquecimento da demanda interna.