Pai culpa hospital por morte de filha por dengue no Rio

O despachante público Ernani de Freitas quer processar o Hospital da Barra, no Rio de Janeiro, por negligência. A filha dele, a estudante Fernanda Cristina Carvalho de Souza Freitas, de 19 anos, morreu de dengue hemorrágica, no último sábado, depois de ser atendida na instituição. Ela recebeu hidratação e foi liberada para voltar para casa. Cinco horas mais tarde, os sintomas agravaram-se, ela foi levada para outro hospital, onde sofreu duas paradas cardiorrespiratórias.

De acordo com Freitas, o laudo da morte indicava dengue tipo 4. O Hospital Barra D’Or, onde Fernanda recebeu o segundo atendimento, não confirmou a informação. “A médica do Hospital da Barra não deu diagnóstico de dengue, só avaliou que ela estava desidratada. Perguntei se a Fernanda não deveria ficar internada, e ela disse que os leucócitos estavam normais, e não havia quadro preocupante nenhum”, contou Freitas. “Não quero que nenhuma pessoa mais seja atendida nessa clínica. É uma fábrica de destruição de famílias”, acrescentou.

Fernanda, estudante de pedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, começou a se sentir mal na segunda-feira, 28. Ela teve febre de 39 graus. Não sentiu outros sintomas da dengue, como dor no corpo ou de cabeça. No dia seguinte, o pai recomendou que ela fosse a um posto de saúde municipal perto da casa dele, na Tijuca, zona norte. “Ela foi ao Posto Desembargador Isidro. Uma placa informava o funcionamento até as 17 horas, mas às 16h15 disseram para minha filha que o atendimento já tinha sido encerrado. Foi a primeira negligência que a Fernanda sofreu”, contou o despachante.

No sábado, a jovem acordou com tontura e dores nas pernas e procurou o Hospital da Barra. Recebeu alta ao meio-dia. Em casa, voltou a sentir-se mal e procurou o Barra D’Or, onde morreu às 22 horas. O hospital fez o exame de sorologia e constatou a dengue.

Em nota, o Hospital da Barra informou que o “quadro geral” de Fernanda “não apontava sintoma grave de dengue, mas uma leve desidratação”. Ela foi orientada a retornar, caso houvesse mudança do quadro. “A direção do Hospital da Barra lamenta o óbito, mas esclarece que a paciente não voltou a procurar o hospital”.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que está investigando a causa da morte, antes de incluí-la na estatística de casos de dengue. O resultado deve sair em dois dias. Desde o início do ano, oito pessoas morreram na capital fluminense. A secretaria não havia comentado o atendimento no posto de saúde até as 18 horas de hoje.

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