Pai acha filho seqüestrado em 1986

Brasília

– O adolescente Pedrinho que foi seqüestrado há 16 anos, no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, por uma mulher que se dizia enfermeira, encontrou-se ontem pela primeira vez com os seus pais biológicos. O resultado do exame de DNA, divulgado ontem pelo Departamento de DNA Forense da Polícia Civil, confirma que ele é mesmo o bebê seqüestrado na maternidade Santa Lúcia, em Brasília, há 16 anos. Os delegados que investigavam o caso descobriram, por meio de uma denúncia, que o garoto mora com uma família em Goiânia.

Dois órgãos que tratam de crimes contra crianças ajudam a família: a Missing Kids e o SOS Criança. Uma adolescente, cuja identidade não foi revelada, disse a Polícia Civil que Pedrinho morava em Goiânia. Ela falaria com a imprensa na tarde de ontem para explicar como identificou o garoto, mas a entrevista foi cancelada a pedido da família, que preferiu que ela não desse nenhuma declaração. Os pais de Pedrinho, Jairo Tapajós Braule Pinto, de 50 anos e Maria Auxiliadora Braule Pinto, de 49 anos, que moram no Lago Norte, ficaram felizes e emocionados.

Jairo Tapajós, auditor fiscal da Receita Federal, considerou o desfecho da história de seu filho como “um milagre!” A primeira pista para encontrar Pedrinho veio da internet, no último dia 20 de outubro. Uma mensagem eletrônica enviada a Missing Kids [ONG que trabalha em defesa de crianças e adolescentes] contava a história de um garoto nascido em Brasília e adotado por uma família goiana. O denunciante, que tem a identidade preservada pela polícia, garantiu que se tratava de Pedrinho. O SOS Criança encaminhou à polícia provas apontadas pela pessoa, como fotos e descrições do garoto e da família goiana.

Os policiais foram a Goiânia, no endereço indicado pelo denunciante. Filmaram e fotografaram o adolescente. As imagens foram mostradas a Jairo Tapajós Braule Pinto, o pai de Pedrinho. O primeiro contato com o adolescente foi feito pela polícia, na noite de quarta-feira, mas ele se recusou a fazer o exame de DNA para comprovar que Jairo e Auxiliadora seriam seus pais verdadeiros. O garoto temia pelo futuro da mãe adotiva. Achava que ela poderia ser presa, se ficasse confirmado que ele era o menino sequestrado em Brasília. O garoto mora num sobrado, em um bairro de classe média de Goiânia. Até quarta-feira, ele não imaginava ser protagonista de uma história que comove Brasília desde a tarde de 21 de janeiro de 1986. Mas, finalmente, ele cedeu e o exame provou que Jairo e Maria são os pais de Pedrinho.

Voltar ao topo