“Ou recuperamos a decência, ou não há o que fazer”, diz FHC

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira (11) que "o Estado brasileiro é permeado por corrupção, compadrismo, leniência e desrespeito". O ex-presidente conclamou a população brasileira a "não aceitar a leniência permanente diante da corrupção" em discurso durante seminário sobre o meio ambiente promovido pelo seu partido (PSDB). De acordo com ele "ou recuperamos a decência, ou não há o que fazer". Isso vale também para a questão ambiental, acrescentou Fernando Henrique. Ele considera necessário que haja punição para se evitar crimes como os ambientais, entre outros.

Após o discurso, o ex-presidente deu entrevista, mas não respondeu perguntas sobre corrupção, limitando-se a falar sobre meio ambiente. Ele considerou "preocupantes" as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Europa que se aliou à China, Índia, México e África do Sul, defendendo que não haja cotas para emissão de crédito de carbono por parte dos países em desenvolvimento. "Podemos e devemos, por nossa conta, impor limites à tragédia que está ocorrendo", disse Fernando Henrique.

De acordo com o ex-presidente, o que causa essas emissões no Brasil são as queimadas e a redução delas não atrasaria o desenvolvimento brasileiro. "Queremos desenvolvimento, mas sadio. É queimada zero", disse. Ele defendeu que a questão ambiental seja uma das cinco bandeiras do PSDB. "Este tema é nosso. Não é exclusivo, mas é nosso", reiterou o ex-presidente no discurso para uma platéia que inclui convidados do Partido Verde (PV) e de organizações não-governamentais, como o Greenpeace.

Fernando Henrique afirmou também que há uma burocracia no Itamaraty que entende que assumir metas de redução de emissões poluentes seria fazer o jogo dos países desenvolvidos. Ele perguntou se o presidente Lula viu o filme ‘Uma verdade inconveniente’, com o ex-vice presidente norte-americano, Al Gore. "Se viu, ele está assustado também", afirmou. O ex-presidente está preocupado também com os efeitos do etanol sobre o meio ambiente. Ele defende o zoneamento agrícola para o setor.

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