ONS transfere energia elétrica do Sudeste para o Sul

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está transferindo energia elétrica do Sudeste/Centro-Oeste para o Sul, apesar de os reservatórios do Sul estarem em situação confortável, situando-se em 63,8% da capacidade de armazenamento, com folga de 45,7 pontos em relação à curva de aversão ao risco, enquanto no Sudeste estão abaixo da curva de aversão, mecanismo que indica o nível de segurança do sistema elétrico da região.

A transferência resultou da paralisação da usina térmica de Araucária, no Paraná, de propriedade da Copel e que foi alugada à Petrobras. Com capacidade de geração de 480 megawatts (MW), a usina contribuía para evitar o esvaziamento (deplecionamento) dos reservatórios do Sul. Com a interrupção no fornecimento, a Petrobras desviou o gás natural utilizado em Araucária para outras usinas, mantendo o mesmo volume de produção, mas obrigou o ONS a compensar essa produção com energia do Sudeste.

A região mais crítica, porém, continua sendo o Nordeste, onde o volume de chuvas continua muito abaixo da média histórica. Neste mês de janeiro, as chuvas no Nordeste estão em torno de 38% da média histórica (queda de 62%), e os reservatórios nordestinos só não estão perdendo água devido às medidas operativas do ONS. Além de reduzir a liberação de água na usina de São Luiz Gonzaga para apenas 1.100 metros cúbicos por segundo, o operador está transferindo doses maciças de energia para o Nordeste, especialmente da região Norte.

Tradicionalmente as chuvas no Norte aumentam muito em fevereiro, o que acaba gerando o vertimento de água (liberação de água sem geração de energia) devido à falta de reservatórios na região. Este ano, pela primeira vez, a usina de Tucuruí deverá operar em sua capacidade máxima gerando cerca de 8.000 MW médios durante pelo menos dois meses, o que é quase a mesma carga gerada por Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo.

Recuperação

Na região Sudeste, os dados do ONS indicam uma rápida recuperação dos reservatórios nas duas últimas semanas, após um início de janeiro muito seco. As chuvas estão sendo volumosas particularmente nas bacias dos rios Grande e Paranaíba, que concentram os maiores reservatórios do País e dão mais flexibilidade ao sistema. No período de 26 (sábado) a 29 (terça-feira), por exemplo, as chuvas acumularam o equivalente a 50.757 MW médios no Sudeste, o que é mais do que o dobro em relação à média observada na primeira semana do mês, que ficou em apenas 23.721 MW médios.

A água armazenada no Sudeste subiu para o equivalente a 50,1% da capacidade máxima dos reservatórios, o que ainda está 2,4 pontos percentuais abaixo da curva de aversão ao risco, apesar de registrar recuperação de 3,9 pontos em relação ao observado no final de dezembro.

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