Ônibus 174: PMs negam culpa

Começou ontem no 1.º Tribunal do Júri, no Rio de Janeiro, o julgamento dos três policiais militares acusados pela morte de Sandro do Nascimento, que manteve reféns em um ônibus do Rio, em 12 de junho de 2000. Eles disseram à Justiça que não tiveram a intenção de assassinar o criminoso. A ação, que ficou conhecida como o caso do Ônibus 174, terminou também com a morte de uma refém, a professora Geísa Firmo Gonçalves. Se condenados, os acusados podem pegar de 12 a 30 anos de prisão.

O julgamento teve início por volta das 9h30, com o interrogatório, pela ordem, do capitão Ricardo de Souza Soares, 42, e os soldados Flávio do Val Dias, 32, e Márcio de Araújo David, 32. Os três estavam no banco traseiro do carro da polícia que transportava Nascimento e são acusados de matá-lo por asfixia. Eles são acusados de homicídio qualificado.

Dois dos três PMs confirmaram à juíza Maria Angélica Guedes que imobilizaram o assaltante dentro do camburão. Segundo eles, Nascimento estava extremamente agressivo e essa foi a única maneira de mantê-lo sob controle. Os policiais disseram que imobilizaram o assaltante passando o braço pelo pescoço e que empurraram o queixo dele para cima, para evitar que fossem mordidos. Eles garantiram que não tinham a intenção de matar.

O advogado Clovis Sahione, que defende os três PMs, abriu mão de testemunhas. Segundo ele, sua estratégia será usar as imagens gravadas por equipes de TV que acompanharam o episódio. O Ministério Público informou que selecionou imagens editadas da televisão aberta durante o acompanhamento do caso. Os jurados também assistirão a trechos do documentário “Ônibus 174”, de José Padilha, que ganhou prêmios como a 26.ª Mostra BR de Cinema de São Paulo e o Festival do Rio BR 2002.

Rua movimentada

O sequestro do ônibus 174 ocorreu em uma das ruas mais movimentadas do bairro Jardim Botânico, zona sul do Rio. Nascimento, armado com um revólver calibre 38, invadiu o veículo e manteve aproximadamente dez passageiros reféns por aproximadamente cinco horas. O ônibus foi cercado pela polícia. Diante das câmeras, ele apontava a arma para as cabeças dos passageiros.

Durante as negociações, Nascimento desceu do veículo, usando Geísa como escudo. Foi então que um policial do Batalhão de Operações Especiais decidiu atirar, mas o assaltante revidou. A refém, então com 20 anos, foi atingida por três tiros no tórax – disparados pelo sequestrador -, e um tiro de raspão no queixo -disparado pelo policial – e morreu na hora.

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