Cinco integrantes da ONG Educafro entraram no fim da manhã de hoje no prédio da reitoria da Unesp (Universidade Estadual Paulista), na região central de São Paulo, e se algemaram às catracas de acesso ao prédio e iniciaram uma greve de fome. O grupo cobra a adoção de cotas raciais e sociais na universidade.

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De açodo com o diretor-executivo da ONG, frei David Santos, o movimento vai continuar até a universidade “levar a sério a questão do negro e do branco pobre”.

Em novembro do ano passado, integrantes da Educafro fizeram um protesto semelhante no mesmo local, que terminou após acordo em relação a um prazo para o estabelecimento dos métodos de inclusão. Segundo frei David, porém, um ano se passou e o prazo não foi cumprido.

Em nota, a Unesp diz o protesto “ocorre justamente num momento em que o governador de São Paulo chamou recentemente os reitores da USP, Unesp e Unicamp para uma ação rápida na questão de um plano de inclusão”. De acordo com a universidade, as instituições já estão se reunindo para atender a demanda.

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Universidades federais

Sancionada há dois meses, a lei de cotas determina que todas as 59 universidades federais do país reservem 50% das vagas para alunos que cursaram o ensino médio integralmente na rede pública.

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Metade desses estudantes será selecionada considerando-se exclusivamente o critério da raça.

 

O restante ainda terá que comprovar a baixa renda da família (1,5 salário mínimo per capita, o que equivale, hoje, a R$ 933 por pessoa).

 

A mudança foi proposta de uma forma sutil: o texto da regulamentação propõe que as universidades federais considerem a divisão entre as raças na proporção da “soma de pretos, pardos e indígenas” numa determinada unidade da federação.

Na lei sancionada, não se fala em “soma” de raças.

O texto sugerido pelo Ministério da Educação afirma ainda que os resultados no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) “poderão ser utilizados como critério de seleção”. A prova é adotada como critério de ingresso na maioria das universidades federais do país.