Novo sistema de TV precisa promover inclusão digital, diz professor

Brasília – Com preços variando entre R$ 500 e R$ 1 mil, os conversores que transformam a recepção do sinal analógico para o digital nas televisões comuns estrearam a nova era da televisão brasileira como realidade distante do bolso de boa parte da população.

Segundo o professor de engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Queiroz, que fez palestra nesta segunda-feira (3) sobre as especificações técnicas do novo sistema, com esse valor, o sinal digital está longe de ser recebido por quem mais precisa: as classes C, D e E.

Para ele, a maior finalidade da TVdigital é promover a inclusão digital. ?O adaptador da TV digital é, na verdade, um computadorzinho pouco sofisticado, mas é um computadorzinho. Então, para aquele pessoal das classes C, D e E, que não tem condição nenhuma de ter um computador, teria essa TV digital?, disse Queiroz. Ele se refere às possibilidades de criar mecanismos de interatividade com o novo sistema, por meio da televisão.

?É uma porta dos fundos para conseguir colocar computador em casa, mesmo não sendo um computador normal, é uma TV que pode fazer ‘meio-computador’?, afirmou o professor. Para ele, as classes A e B não terão interesse na TV digital, pois boa parte delas já a tem por meio das televisões a cabo e computadores com acesso à internet.

Uma das particularidades do sistema de TV digital brasileiro é que essa interatividade será possível graças ao software Ginga, desenvolvido no Brasil. Nos modelos atuais de conversores digitais, porém, ele ainda não pode ser encontrado.

?O grande problema é que, quanto mais conversores saírem sem Ginga, diminui o mercado para os conversores com Ginga. Logo, os que tiverem ficarão mais caros?, prevê o professor. De acordo com Queiroz, esse é outro fator que pode atrapalhar a idéia de inclusão digital por meio do novo sistema de TV.

Para exemplificar tecnicamente a mudança que a TV digital traz para a sociedade, o professor fez três analogias: a mudança do vinil para o CD ? que acabou com os ruídos nas músicas ?, do VHS para o DVD, que melhorou a qualidade da imagem, e do celular analógico para o celular digital, que ampliou as possibilidades de interação ? com o modelo analógico, não era possível, por exemplo, a troca de mensagens SMS, ferramenta comum a quase todos os modelos disponíveis hoje.

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