Novas denúncias contra Barbalho

Brasília (AE) – Os procuradores da República decidiram denunciar o ex-presidente do Senado, Jader Barbalho, por estelionato e peculato no processo que apurou o desvio de R$ 44 de financiamentos da extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para a Usimar Equipamentos Automotivos. A denúncia deverá ser finalizada na quarta-feira, amanhã, quando a Polícia Federal também já deverá ter concluído o inquérito sobre o caso. A ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney e seu marido, Jorge Murad, também deverão ser incriminados por tráfico de influência.

“As investigações apontam que Jáder foi um dos beneficiados com as fraudes praticadas. Ele mandava em toda a estrutura da Sudam. Indicava, nomeava e chefiava todo o pessoal”, afirma o procurador da República no Tocantins, Mário Lúcio de Avelar.

Segundo os investigadores, Roseana e Murad contribuíram para que o projeto da Usimar fosse aprovado de imediato, mesmo não havendo garantias. “O casal tratou este caso como negócio privado e não como uma questão do Estado”, explicou um dos investigadores. “A tendência é os dois serem denunciados também”, confirma Avelar.

Na denúncia que deverá ser feita pelos procuradores, Jader Barbalho, que nos últimos dias desistiu de disputar novo mandato de senador, optando pela eleição a deputado federal, aparece como um dos principais beneficiados no desvio de dinheiro para o projeto Usimar, que, apesar de receber recursos públicos, não saiu do papel. Os procuradores, segundo as investigações, conseguiram localizar quatro cheques de R$ 550 mil que teriam sido repassados para Jáder, endossados pelo empresário Teodore Hubner, oficialmente o presidente da Usimar. Os cheques teriam sido trocados por um doleiro em Belém. Uma busca e apreensão realizado no escritório do doleiro localizou os cheques, hoje em poder da Polícia Federal.

Já o processo da Polícia Federal sobre as fraudes praticadas na Usimar vai incriminar 25 pessoas, incluindo a ex-governadora, seu marido e Jader, além de todos os dirigentes da Sudam na época, entre eles José Arthur Guedes Tourinho, então superintendente. “Encontramos documentos, como troca de correspondências entre Tourinho e Murad, o que comprova a relação”, diz um delegado que chefia as investigações. Segundo ele, todos poderão ser indiciados por supostas participações nas fraudes.

Nas investigações, a PF ainda apura qual a relação entre o projeto original da Usimar localizado no escritório da Lunus Serviços e Participações pertencentes à Murad e Roseana. Os investigadores querem saber se há ligação entre os documentos e os R$ 1.340 milhão localizados pela PF durante uma busca e apreensão, no início do ano. A falta de uma explicação convincente para o dinheiro foi um dos motivos que levaram Roseana Sarney a desistir de sua candidatura à Presidência da República. A busca feita pela Polícia Federal causou uma crise no governo e o rompimento entre o PSDB e o PFL.

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