Alerta

Nova greve dos caminhoneiros não está confirmada, nem descartada por entidades de classe

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná

 

O aumento no preço do diesel, divulgado na última quinta-feira (30), provocou um alerta das entidades que representam os caminhoneiros e começou a circular, nas redes sociais, a possibilidade de que uma nova greve aconteça depois do feriado da Independência (7 de setembro). A última, feita em maio, durou 11 dias e mexeu com o país inteiro. Ainda não é possível afirmar categoricamente que haverá uma nova paralisação, já que as duas entidades divergem no tom de seus pronunciamentos.

Nesta semana, o preço médio nacional praticado para o consumidor era de R$ 3,373. Agora, com o anúncio do preço do combustível divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os valores sofreriam variação. A maior alta, de R$ 0,3039 por litro, vai ser no Centro-oeste e a menor, de R$ 0,2222, no Sudeste.

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Logo depois do anúncio, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) se manifestou dizendo que o diesel registrou alta de até 14,4% em alguns estados. Com isso, o órgão que defende os direitos dos caminhoneiros autônomos do país, pediu uma audiência para tratar do assunto com a Casa Civil.

A entidade, que é a responsável pelas negociações com o governo federal durante a última paralisação da categoria, disse em nota que, independente do aumento do preço internacional, o Governo deve cumprir a Medida Provisória (nº 838/2018) e manter o subsídio de R$ 0,46 do valor do diesel até o final do ano. Junto disso, a Abcam abriu um alerta, dizendo que se mantém vigilante no cumprimento desse acordo e que deve fazer o possível para evitar uma nova paralisação.

Ameaça na internet

Apesar do alerta da Abcam, outra entidade, a União dos Caminhoneiros do Brasil (UDC-Brasil), soltou um comunicado afirmando que uma nova greve já tem previsão de acontecer. Segundo o órgão, com data da última quinta-feira, em dez dias uma nova mobilização nacional vai paralisar, por tempo indeterminado, os caminhões. O objetivo é chamar a atenção do governo federal.

A UDC acusa o governo de não cumprimento da fiscalização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), causando um prejuízo aos caminhoneiros autônomos do país, o que acaba sendo um desrespeito com a classe. “Não instituiu uma fiscalização eficaz na primeira tabela da Resolução 5.820 (que estabeleceu os preços mínimos dos fretes) e já está às voltas com outro aumento do diesel”, diz a nota.

Além dos pedidos para que cumpra o que ficou decidido desde a última greve, a UDC também pede um espaço cativo e permanente de um representante da categoria por estado no conselho executivo, operacional e de administração, dentro da ANTT no que tange ao transporte rodoviário de cargas. Segundo o órgão, “cabe única e exclusivamente a ANTT tomar as devidas providências a fim de evitar esse caos que ronda nossa pátria”.

Tabelamento do frete

Na última greve, um dos pedidos dos caminhoneiros tratava também do tabelamento do frete. Na segunda-feira (27) da semana passada, o assunto voltou a circular depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) fez uma audiência pública para discutir a política de preços mínimos do transporte rodoviário de cargas. A reunião foi convocada pelo ministro Luiz Fux, relator de três ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs), que questionam o tabelamento.

O tabelamento foi enviado pelo governo federal para tramitação no Congresso como resultado da negociação que encerrou a paralisação nacional de 11 dias dos caminhoneiros, em maio passado. A proposta foi aprovada e sancionada pelo presidente Michel Temer no início do mês.

As ADIs foram ajuizadas pela Associação do Transporte Rodoviário do Brasil (ATR Brasil), que representa empresas transportadoras, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que alegam que a tabela fere os princípios da livre concorrência e da livre iniciativa. Apesar de o assunto voltar a circular, o ministro explicou que não vai decidir sobre o tabelamento sozinho e que só deve tomar uma decisão sobre as ações após ouvir os interessados.

O caos no país

A última greve dos caminhoneiros teve impactos profundos sobre a economia brasileira, um dos fatores que contribuiu para o desempenho abaixo do esperado do PIB no segundo trimestre, que teve um crescimento de 0,2% em relação ao primeiro e de 1% em relação ao mesmo período de 2017. Além disso, em maio, período da manifestação, a produção industrial diminuiu 11%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que comparou também as vendas do varejo e descobriu que os números caíram 5,1% com a manifestação.

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