Nova denúncia mostra que o ministro mentiu

São Paulo – A revista “IstoÉ” traz em sua edição semanal reportagem na qual apresenta documentos que comprovam a ligação do ministro dos Transportes, Anderson Adauto (PL-MG), com os sócios da empresa Consultoria, Planejamento e Assessoria (CPA). Nas últimas semanas, desde o surgimento da primeira denúncia, o ministro negou qualquer tipo de relacionamento com os proprietários da CPA, empresa que foi acusada, em 1996, por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) municipal de participar do desvio de cerca de R$ 4 milhões da Prefeitura de Iturama (MG).

Segundo a reportagem, os proprietários da CPA, Rômulo de Souza Figueiredo e Sérgio José de Souza, foram sócios de Adauto em outra companhia, a Empresa Brasileira de Pescados (Embrapesca). A “IstoÉ” traz a informação de que a Embrapesca e a CPA funcionavam no mesmo endereço em Belo Horizonte. Relata também que Adauto encontrou-se com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, na quarta-feira passada, quando Dirceu tomou conhecimento que a revista traria a denúncia, o que, segundo a reportagem, foi considerado como uma despedida de Adauto do ministério.

Por ser deputado eleito, Adauto será exonerado para assumir o mandato na próxima semana e, conforme indica a revista, não voltará ao ministério. Entrevistado pela revista em 16 de janeiro, ele negou ser sócio de qualquer empresa. Nessa nova edição, disse considerar “absolutamente normal” o fato de ter sociedade com os donos da CPA. Alegou que a Embrapesca fechou e não chegou a operar. “Montei efetivamente a empresa de pesca com dois sócios da CPA. Não tenho impedimento ético ou moral para montar uma empresa. Qual o problema de um deputado montar uma empresa para vender peixe?”, afirma. Além disso, argumentou não ver ligação concreta entre ele e os sócios da empresa envolvida nos desvios de verba. “Vocês têm todo o direito de achar que é uma ligação concreta. Eu não acho que seja”, defendeu-se.

Esta semana Anderson Adauto, adotou uma medida preventiva. Na última terça-feira, contou ao chefe da Casa Civil, José Dirceu, já ter sido sócio de Rômulo de Souza Figueiredo e Sérgio José de Souza: da Embrapesca, especializada em distribuição de pescado. Amigos do ministro, os dois são acusados de participação no esquema de desvio de recursos da prefeitura de Iturama. Adauto falou sobre o assunto com Dirceu três dias antes de a revista “IstoÉ” publicar reportagem sobre sua sociedade com os donos da CPA. Só que com versões diferentes. Segundo Adauto, a Embrapesca teve vida útil de 60 dias, nem operou. De acordo com os documentos obtidos pela “IstoÉ”, Adauto se manteve na sociedade por três meses. Depois, cedeu suas cotas aos demais sócios. A empresa, segundo a revista, está oficialmente em atividade até hoje. Ao tentar se antecipar à revista, Adauto também fez confusões na data. Disse que a empresa, aberta em 1997, foi instalada em 1979.

Embora tenha dito que terá “desconfiômetro” para sair caso seja apontada sua participação em alguma irregularidade dos amigos (que tentou levar para trabalhar no Ministério), Adauto ressaltou que a simples constatação de uma fraude da dupla, se vier a ser comprovada, não seria suficiente para que entregasse o cargo.

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