No balanço dos 18 meses, Lula pede paciência

Brasília – Em discurso no Palácio do Planalto nesta segunda-feira, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, apresentou um conjunto de ações que teriam sido realizadas pelo governo Lula nos seus primeiros 18 meses e negou que haja paralisação no governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que encerrou a solenidade, disse que o objetivo do governo é melhorar a vida dos brasileiros e que considera boas as cobranças feitas pela sociedade.

“Quando somos cobrados, temos que ter clareza que as pessoas estão cobrando de nós da mesma forma que cobramos dos outros”, afirmou Lula, que pediu aos ministros que não percam a paciência ou fiquem muito ansiosos. “A arte de governar é a arte de ter paciência”, disse Lula. Dirceu falou de diversas ações governamentais, enfocando o novo modelo de desenvolvimento econômico, a inserção soberana do país e os incrementos na gestão do Estado. No entanto, Lula disse que uma avaliação definitiva de seu governo só pode ser feita depois de quatro anos.

“O governo Lula não rouba, não deixa roubar e combate a corrupção”, disse o ministro. O chefe da Casa Civil afirmou que, após as medidas necessárias, o país registra crescimento do PIB pelo terceiro trimestre consecutivo, com reflexos na criação de empregos. Afirmou que em 12 meses a taxa de crescimento de empregos com carteira assinada foi de 3,5% nas maiores regiões metropolitanas e de 4,5% no interior, ao mesmo tempo em que a inflação foi mantida sob controle e em trajetória de queda e caiu a vulnerabilidade externa do Brasil. Dirceu mencionou ainda os recentes recordes no comércio exterior e os avanços na inserção soberana do país no mundo, com fortalecimento das relações com o Mercosul e com países emergentes, tornando o Brasil um dos líderes por um mundo mais justo, com paz e segurança.

Afirmou que com novos marcos regulatórios além dos projetos que ainda tramitam no Congresso, está em curso a implantação do novo modelo de desenvolvimento, com a retomada dos investimentos públicos – em saneamento, habitação, energia elétrica e transportes (rodovias, ferrovias, portos e aeroportos) -, que passarão de R$ 4 bilhões em 2003 a R$ 12 bilhões em 2004.

Lula tenta fortalecer José Dirceu

O ministro da Casa Civil, José Dirceu, foi a grande estrela no balanço de um ano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desgastado desde fevereiro, depois das denúncias de corrupção envolvendo seu ex-assessor, Waldomiro Diniz, Dirceu foi o responsável por anunciar o “resultado” dos 18 meses de Lula no Palácio do Planalto.

Num discurso de mais de uma hora e meia, Dirceu exaltou os números crescentes do governo, como a “retomada do crescimento econômico”, e destacou o saldo positivo da balança comercial. “Talvez não haja nada mais importante que o saldo na balança comercial”, disse. Dirceu reconheceu que o governo tem enfrentado crises. No entanto, defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que ele tem feito “o possível e o impossível” para que o Brasil avance.

Dirceu afirmou que o escândalo Waldomiro Diniz vai marcá-lo para sempre. Segundo ele, o episódio atingiu o que mais tem de precioso: sua hon-ra. “O escândalo Waldomiro Diniz vai me marcar para o resto da vida. Eu nunca vou me recuperar porque me atingiu naquilo que me é mais caro, que é a minha honra.”

O ministro desmentiu ainda, rumores de que o ministro da Defesa, José Viegas, deixaria o governo. Ele afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não discutiu uma nova reforma ministerial.

Oposição reprova o governo Lula

Em resposta ao balanço dos 18 meses do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, feito ontem, em cerimônia no Palácio do Planalto, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que Lula não tem o que comemorar. Na avaliação do senador, “há um índice recorde de desemprego no País, o crescimento da economia é negativo, o presidente experimenta perda de popularidade, a política externa é ingênua e o governo não deu resposta a casos de corrupção”. O senador tucano citou o caso do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz, que foi flagrado cobrando propina de um suposto bicheiro, e o caso da máfia dos vampiros, no Ministério da Saúde. Segundo Virgílio, os quatro principais acusados de ?vampirismo? foram nomeados pelo ministro Humberto Costa (Saúde), logo, na opinião do líder tucano, eticamente, o governo não tem o comemorar.

Outro líder de oposição, o senador pefelista José Agripino (RN), engrossou as críticas ao governo petista, afirmando que o presidente Lula “ainda não disse a que veio”. Mas se corrigiu: “Ou melhor, disse a que não veio. Ou seja, cumprir seus compromissos históricos de mudança com que ganhou a eleição”. Tanto o líder do PFL quando o do PSDB criticaram a atuação de Lula na área econômica e social. “O governo não tem o que comemorar. O presidente teria de fazer uma autocrítica à Nação”, disse Virgílio. O tucano afirmou que o aumento real do salário mínimo nos dois primeiros anos do governo não chegou a 5%. “O presidente terá de ficar 57 anos no poder para cumprir o dever dele”, disse Virgílio, referindo-se à promessa do presidente de dobrar o poder de compra do mínimo em quatro anos.

Arthur Virgílio acusou ainda o governo de usar recursos do Orçamento da União politicamente, para favorecer seus candidatos a prefeito nas próximas eleições, criando uma “nova forma de corrupção”. Disse que o partido está analisando a possibilidade de entrar na Justiça com uma ação contra Lula, por improbidade administrativa. “É uma forma corrupta de mexer nos recursos do Orçamento. É uma nova forma de corrupção a merecer um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito”, disse Virgílio.

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