“Ninguém sabe colocar mais gente na rua que eu”, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje em Cuiabá que as vaias não o intimidam, e não vão afastá-lo das ruas e trancá-lo em seu gabinete no Palácio do Planalto. Ele chamou para o desafio brasileiros que o têm vaiado. "Se quiserem brincar com a democracia, ninguém sabe nesse País colocar mais gente na rua do que eu", declarou o presidente em auditório fechado do Centro de Eventos do Pantanal, onde anunciou para mil convidados – rigorosamente selecionados e que muito o aplaudiram -, a liberação de R$ 521, 5 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para obras de saneamento básico no Mato Grosso

O presidente acredita ter identificado quem o hostiliza. "Os que estão vaiando são os que mais deveriam estar aplaudindo. Foram os que ganharam muito dinheiro nesse País no meu governo. É só ver quanto ganharam os banqueiros os empresários.

Os apupos que provocaram a reação presidencial têm se repetido desde a abertura dos Jogos Pan-Americanos do Rio. Hoje, partiram de um grupo de manifestantes que foram barrados em um trevo de acesso a 300 metros da solenidade. O comboio presidencial passou à toda por eles. Entre 60 a 70 pessoas, segundo os cálculos da organização do movimento denominado "Eu também vou vaiar Lula", o receberam com gritos e assobios. Elas distribuíram adesivos e camisetas com a frase que marca o protesto. A assessoria do presidente contou "uns oito" opositores

"O recado foi dado", disse Flávia Salem, empresária de comunicação e coordenadora do movimento. "Estamos com a alma lavada porque vaiamos muito, mas muito mesmo, até cansar, e é claro que o presidente ouviu e por isso ficou tão incomodado. Não fosse o medo de represálias, a mobilização teria sido dez vezes maior. Inclusive muito servidor público queria ter participado.

"Saudade"

"Se alguém acha que com estupidez vai atrapalhar que a gente faça o que precisa ser feito pode tirar o cavalo da chuva", retrucou Lula, já na cerimônia do PAC que reuniu deputados, senadores, prefeitos e o governador Blairo Maggi (PR). "Ninguém vai me ver de cara feia por isso. Podem ficar certo meus companheiros e companheiras que ninguém vai ficar com saudade de ver o Lula na rua. As ruas desse País de 8, 5 milhões de quilômetros quadrados eu vou visitá-las quase todas nesse mandato. Com a democracia não se brinca, o que vem depois dela é sempre muito pior.

Lula explicou que não é medo de vaia que o fez realizar a solenidade em um ambiente só para convidados, longe dos oponentes. "Estou fazendo esse ato aqui, em lugar fechado, porque é um ato institucional, que envolve dinheiro público, prefeitos, deputados. Eu não estou fazendo comício.

Mirou novamente quem o vaia. "Não conheço um deles que tem uma biografia que lhe permita sequer falar em democracia nesse País. E eu conheço muitos deles."Apontou o que considera causa da inquietação rival. "Você imagina eu, um homem que tenho como formação máxima da minha vida um diploma primário e um curso de torneiro mecânico. Quando eu terminar meu mandato em 2010 vou passar para a história como o que mais fez universidade federal nesse País. Além disso, em 97 anos fizeram 140 escolas técnicas. Em 8 anos vamos fazer 160. Isso deve incomodar a muita gente.

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