Negro paga a conta social do Brasil, diz Lula

No dia nacional da Consciência Negra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que “quem paga a conta da desigualdade social é o negro”, em discurso no local onde teria existido o quilombo de Zumbi dos Palmares, em Alagoas. “Quem paga a principal conta da desigualdade desse País é a mulher negra, o homem negro, o idoso negro, o jovem negro e a criança negra. A Lei Áurea abriu as portas das senzalas, mas escondeu a chave da cidadania”, afirmou.

União dos Palmares -Para Lula, o Brasil é a “sociedade mais desigual do planeta” e que “recai sobre a mulher negra a síntese da perversidade nacional”. “Ser negro na sociedade mais desigual do planeta significa acumular todos os desafios históricos da luta contra a exclusão. Recai sobre a mulher negra a síntese da perversidade nacional. Uma negra pobre, nordestina, moradora da área rural, não ganha, em média, mais do que um terço do que ganha um cidadão brasileiro. É quase uma servidão, para não falar em escravidão”, disse.

Segundo o presidente, o governo recenseou 743 comunidades quilombolas e que pretende “titular” áreas para os colonos. “O Brasil já tem mapeado 743 remanescentes de quilombos. As projeções indicam que há muito mais, mas apenas 36 tiveram sua área titulada até agora. Não basta apenas regularizar a posse. É preciso apoio financeiro, assistência técnica, educacional e social”, disse.

Em Alagoas, Lula deu números que mostram a desigualdade social no País e afirmou que “temos um terço dos brasileiros vivendo na exclusão social”. “No Brasil colonial, havia desigualdade porque havia escravidão. No Brasil do século 21, os homens são iguais perante a lei, mas não têm oportunidades iguais”, completou.

Ele disse também que a consciência é a melhor forma de acabar com a desigualdade: “Eu acredito mais na força da consciência, ela se propaga, resiste, não se dobra”.

E citou o próprio caso como exemplo: “Eu costumo dizer que tenho duas datas de aniversário, mas são na verdade três: o dia em que nasci, o dia em que fui registrado, e o dia em que tomei consciência dos meus direitos e da necessidade de lutar pela conquista desses direitos.”

Ontem, 20 de novembro, a morte de Zumbi dos Palmares completou 308 anos. O presidente encerrou o discurso dando vivas a Zumbi, a Palmares e à “igualdade entre os povos do mundo e do Brasil”.

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