Nascimento Brito morre aos 80 anos

Rio – O ex-diretor-executivo do Jornal do Brasil (JB) Manoel Francisco Nascimento Brito, de 80 anos, morreu ontem, às 7h40, de falência cardíaca. Ele estava internado no Hospital Copa D?Or, em Copacabana, desde o dia 20, por causa de um acidente vascular cerebral. Por 52 anos, Nascimento Brito ficou no comando do JB, de onde se afastou aos 78 anos, em agosto de 2000, com uma breve carta aos leitores, publicada na primeira página.

Nascimento Brito perdera os movimentos do lado direito do corpo em 1978, quando sofreu um derrame, durante uma viagem à Venezuela. Ele pescava quando se sentiu mal. Sua saúde manteve-se relativamente estável e ele levou uma vida normal, até ocorrer outro acidente vascular. A família contou que, apesar de ter perdido a fala, ele estava consciente. Comunicava-se por meio de gestos e tinha a companhia de familiares. O jornalista teve cinco filhos: José Antônio (que preside o Conselho Editorial do JB), Manoel Francisco, Maria Regina, Teresa e Maria Isabel. O corpo de Nascimento Brito foi cremado ontem, no Cemitério Memorial do Carmo, ao meio-dia.

O neto mais velho, José Joaquim, de 24 anos, disse que o avô “sempre foi muito teimoso” e recusava-se a andar em cadeira de rodas, apesar de se locomover com dificuldade. “De um ano para cá, a saúde dele se deteriorou rapidamente. Foi uma morte lenta e sofrida. Ele perdeu a fala, mas continuava lúcido. Os últimos meses foram especialmente dolorosos.” Joaquim lembrou ainda que a família tinha o hábito de se reunir uma vez por mês na casa do patriarca, em Laranjeiras, zona sul. Antes de se mudar para lá, ele morava no bairro de Santa Teresa, onde viveu por cerca de 30 anos.

Nascimento Brito era casado com dona Leda, filha do conde Ernesto Pereira Carneiro. Foi ele quem levou Nascimento Brito para o jornalismo, em 1949, quando o convidou para dirigir a Rádio Jornal do Brasil.

Repercussões

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota oficial na qual ressalta que “Nascimento Brito foi um democrata convicto e empresário consciente, que soube introduzir na administração do JB as inovações necessárias para a manutenção do centenário jornal entre os grandes veículos de comunicação do País”. O presidente interino do Senado, Paulo Paim (PT-RS) disse que “era um grande profissional, que sempre contribuiu para a defesa da democracia no País. É uma perda muito grande para a imprensa e para o País”. O prefeito do Rio, César Maia, afirmou que “como pessoa, como secretário de Fazenda, como deputado, como prefeito, só posso dizer uma coisa: que saudade de tudo que ele foi e fez”. Wilson Figueiredo, vice-presidente do Conselho Editorial do JB , disse que “ele foi um homem que, mesmo sem ter vindo de uma redação e ser mais empresário, manteve uma visão de jornalismo moderno e sadio. Por princípio, ele acreditava que o jornal tinha de ser independente”.

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