O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse nesta quinta-feira (20) que o zoneamento agroecológico no pais está muito avançado e que, diante disso, não haverá novas usinas de cana-de-açúcar na Amazônia ou em qualquer outra área de vegetação primária ou de produção de alimentos.

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Minc participou de reunião da Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, em São Paulo. Ele destacou ainda que há a redução progressiva das queimadas, o uso da palha da cana para a produção de energia renovável e o uso do vinhoto para a produção de biogás e biofertilizante.

Quando questionado sobre a possibilidade do zoneamento agroecológico beneficiar as grandes propriedades, o ministro explicou que o zoneamento está definindo áreas – exceto as protegidas, as áreas de produção de alimentos e as impróprias por razões agrícolas – entre 40 milhões de hectares para que sejam excluídos destes 6,5 milhões de hectares.

“Há toda uma preocupação em associar a produção à inclusão social e à geração de emprego e renda, inclusive complementando etanol com biocombustível”, disse.

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Segundo ele, já há 100 mil famílias incorporadas na produção de biocombustíveis e a meta é chegar a 60% da participação da matriz de transportes até 2010. No caso do etanol, a meta é aumentar essa participação nos transportes em 11% ao ano. “Isso vai evitar uma emissão de 508 milhões de toneladas de gás carbônico no período de 10 anos”, afirmou Minc.

O ministro disse que, para ter certeza de que o zoneamento agroecológico será respeitado, o governo enviará projeto de lei ao Congresso Nacional, propondo que o financiamento público esteja condicionado à área e aos padrões definidos. “A área que não for mecanizada para as novas produções desses 6,5 milhões de hectares só terá a nova produção de cana financiada se estiver enquadrada nos padrões do plano. E uma lei definirá interdições da expansão de cana em áreas protegidas e de produção de alimentos”, explicou.

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O ministro reforçou que será necessário fiscalizar fortemente essas áreas e, por isso, o governo federal está estimulando que os estados também façam o zoneamento agroecológico.

Ele disse, ainda, que o governo não monitorará somente a Amazônia e que, a partir deste ano, fará o monitoramento de todos os biomas brasileiros, incluindo o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica nas fiscalizações. “Amanhã [21], o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinará o decreto de proteção à Mata Atlântica e, nos próximos dias, lançaremos um programa de combate à desertificação da Caatinga no semi-árido”, acrescentou.

Sobre as afirmações de movimentos sociais a respeito da existência de trabalho escravo e degradante nas áreas de produção de etanol, Minc afirmou que o governo tem combatido essa prática. “Isso tem que ser fiscalizado. Não é inerente a uma produção o trabalho vil. A área de meio ambiente tem trabalhado junto com o Ministério do Trabalho e Emprego e é uma ingenuidade atribuir uma relação de trabalho a um tipo de cultivo específico.”