Músico do Rappa é baleado no Rio

Rio

  – Um ano e nove meses depois que o baterista Marcelo Yuka, da banda O Rappa, ficou paraplégico após ser baleado por bandidos, o percussionista do grupo, Paulo Sérgio Santos Dias, o Paulo Negueba, de 21 anos, foi ferido a tiros na noite de sexta-feira. Segundo o holandês Nanko van Buuren, diretor da organização não-governamental (ong) Íbis, que coordena o Afroreggae, projeto social que atua na Favela de Vigário Geral, no Rio, onde o músico mora, Negueba tem certeza de que os dois tiros que o atingiram foram disparados por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM, que realizava uma incursão no local. Atingido no tornozelo direito e nas costas, Negueba foi operado pelas equipes cardiovascular e de ortopedia do Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Segundo um médico, ele estava lúcido. Um dos tiros causou fratura na tíbia direita e rompimento de vasos de Negueba. Segundo o empresário da banda, três pinos foram implantados no percussionista. Buuren contou que a cirurgia foi bem-sucedida e que os dois tiros que ele levou nas costas não causaram danos graves. Em boletim, os médicos informaram que tiveram de reconstituir o osso. Eles disseram não saber se haverá seqüelas. À tarde, Negueba seria transferido para o Hospital Copa D?Or, em Copacabana, Zona Sul. O empresário Alexandre Santos contou que Negueba está na banda há um ano, mas há cerca de cinco anos participava de apresentações do Rappa. Ele entrou em contato com a banda freqüentando oficinas de música no projeto Afroreggae. “O que eu posso comentar é o seguinte: Eu não acho que o raio caiu no mesmo lugar duas vezes. O Marcelo (Yuka) tomou oito tiros de bandidos e o Negueba, dois da polícia. Nós estamos no meio de uma guerra, na Faixa de Gaza. De um lado ou de outro você está sujeito a sofrer esse tipo de violência. Esse é o País que os nossos governantes deixaram para nós”, afirmou Santos, que fez questão de ressaltar que baseava sua opinião nos relatos de testemunhas do tiroteio. “O que a gente quer é paz”, acrescentou. A governadora Benedita da Silva exonerou o comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, coronel Venâncio Moura, por causa da operação realizada em Vigário Geral, que resultou em um morto e três feridos, incluindo o músico do Rappa.

Voltar ao topo