Ao chegar ao Palácio do Planalto, neste sábado (8), para um plantão no esforço de conseguir votos para a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) no Senado, o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, reconheceu que o governo tem tido dificuldades para atender as demandas dos senadores ainda resistentes porque muitas delas estão centradas em questões estaduais, de solução mais demorada. A estes parlamentares o governo tem dito que a aprovação do imposto vai facilitar o atendimento das reivindicações. O argumento é que, sem CPMF, o governo será obrigado a fazer um ajuste fiscal, com corte de gastos.

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O ministro rejeitou a vinculação entre a crescente liberação de emendas de parlamentares e a tenção de votos em favor do imposto. Segundo Múcio, liberação de recursos de emendas e a nomeação de pessoas indicadas por partidos aliados "é questão normal da democracia" e acontece "todos os anos". "Na realidade, temos errado, todos os governos, porque concentramos a liberação no fim do ano. Mas não tem a ver com a CPMF. Em outros anos, foram liberadas emendas, nomeadas pessoas indicadas por deputados e senadores e não tinha CPMF", afirmou Múcio.

Segundo o ministro, um quadro das chances do governo na votação marcada para terça-feira, com o mapa dos senadores favoráveis, contrários e indecisos, será levado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo. Questionado sobre as condições impostas pelos senadores para votar a favor do imposto, José Múcio respondeu: "Todos os interesses são legítimos. Alguns são mais difíceis, outros mais fáceis. A grande maioria é de problemas estaduais que não foram resolvidos e precisávamos de mais tempo para resolver. A isso tem se dito que, em se prorrogando o imposto, esses problemas podem ser discutidos.

O ministro disse que, até terça-feira, data da votação em plenário, há "trabalho de burocracia" a ser feito, sem especificar se falava da formalização de nomeações e liberações de emendas. Múcio se disse confiante em obter os 49 votos necessários para a aprovação da emenda constitucional que prorroga a CPMF e disse que os governadores estão mobilizados em um esforço final para conquistar votos nas bancadas de seus Estados.

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"Ninguém mais que os governadores sabe dos benefícios da CPMF. Ninguém gosta de pagar imposto, todos gostaríamos de não ter de pagar, mas é absolutamente imprescindível", declarou. Múcio usou um argumento recorrente do presidente Lula em defesa da CPMF: "Em não se aprovando, vai tirar dinheiro de programas em curso.

A apreensão no governo deve-se ao fato de que ainda faltam três ou quatro votos para assegurar a prorrogação. Por isso ministros de várias áreas estão de plantão neste fim de semana para conversar com os senadores que ameaçam votar contra o imposto. "Estamos conversando com os senadores que estão convencidos e com os que ainda têm alguma dúvida. Vamos colocar alguns ministros para ajudar, se houver dúvidas específicas", disse Múcio. O ministro não escondeu as dificuldades. "Não é coisa simples, a margem é muito pequena para um lado e para outro. De mesma forma que estamos aqui, os que não desejam aprovar também estão trabalhando", lembrou.

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