MP entra com recurso contra absolvição de PMs

O Ministério Público informou que entrou hoje com recurso de apelação contra a soltura de três policiais da Rota (a tropa de elite da Polícia Militar), suspeitos de matar um suposto integrante do PCC no dia 28 de maio deste ano na Penha, na zona leste.

O sargento Carlos Aurélio Thomaz Nogueira, 43, o cabo Levi Cosme da Silva Júnior, 34, e o soldado Marcos Aparecido da Silva, 38, foram absolvidos ontem no 4º Tribunal do Júri da capital, no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.

Segundo a Polícia Militar, os policiais foram soltos do presídio Romão Gomes e reapresentados ao batalhão da Rota na manhã de hoje. De acordo com a corporação, o sargento, o cabo e o soldado farão somente trabalhos internos até a conclusão do procedimento administrativo que foi aberto pela Corregedoria para apurar a conduta deles.

O Fórum da Barra Funda não divulgou o nome da juíza e do Promotor envolvidos no caso porque, segundo o órgão, o processo corre em segredo de Justiça.

O trio foi detido e investigado após outros cinco integrantes do PCC serem mortos em uma suposta troca de tiros em um estacionamento na rua Osvaldo Sobreira.

Investigações da Polícia Civil e da Corregedoria da PM apontavam que Anderson Minhano, 31, foi preso pelos três PMs, levado para a rodovia Ayrton Senna e torturado antes de ser morto com tiros. Os três PMs foram presos pelo homicídio.

Por causa da ação, o PCC teria intensificado os ataques contra policiais.

Uma testemunha disse ter visto a ação dos policiais na rodovia e ligou para o 190, da PM.

Os três policiais foram presos no mesmo dia. No julgamento de ontem, a testemunha teria caído em contradições em seu depoimento, o que fez com que a Justiça absolvesse os policiais.

A própria Promotoria também reconheceu que a testemunha se contradisse e, no final do julgamento, determinou que as algemas do policiais fossem retiradas imediatamente.

Estacionamento

O tiroteio ocorreu por volta das 21h em um lava-rápido e estacionamento em maio. Os seis suspeitos baleados foram socorridos, mas não resistiram e morreram. Outras três pessoas – entre elas duas mulheres – foram presas e outras cinco conseguiram fugir.

Segundo a polícia, o grupo planejava uma ação para libertar um detento que seria transferido do CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém, na capital paulista, para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (611 km de SP).

Na ocasião, o major Marcelo Gonzales Marques afirmou que o plano de resgate do detento chegou à PM por meio de uma denúncia anônima. Já no local indicado, os criminosos teriam disparado contra os policiais, segundo o major.

No estacionamento a polícia apreendeu três veículos, drogas (maconha e cocaína), quatro coletes a prova de balas e diversas armas, entre elas, algumas de uso exclusivo das Forças Armadas: um fuzil 762, uma metralhadora 9mm, uma pistola calibre 45 e uma pistola calibre 9mm. Também foram apreendidos no local quatro revólveres calibre 38.

Em entrevista na época da ação, o diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), Jorge Carrasco, o tenente-coronel da Rota, Salvador Madias, e o corregedor da PM, coronel Rui Conegundes, afirmaram que toda a operação da polícia foi legítima, com exceção da postura dos três PMs que teriam matado o suspeito na rodovia Ayrton Senna.

Após as seis mortes, a onda de ataques contra policiais militares no Estado de São Paulo aumentou.

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