Motim em Bangu durou 34 horas

Rio de Janeiro – Depois de 33 horas, terminou ontem à tarde a rebelião de presos da Casa de Custódia Pedro Melo, no complexo penitenciário de Bangu, no Rio. Os seis policiais militares mantidos como reféns foram libertados sem ferimentos às 15h30 e os presos se renderam, mesmo sem ter todas reivindicações atendidas. Doze presos que haviam fugido na segunda-feira foram recapturados. O motim foi o mais longo dos últimos nove meses, quando houve doze rebeliões no complexo.

Segundo o comandante-geral da PM, coronel Renato Hottz, os presos – que estavam sem luz, água e comida – foram vencidos pelo cansaço. Ele disse ainda que o motim levou tanto tempo para terminar porque não havia um representante que falasse em nome de todos. Além disso, os rebelados não tinham lista de exigências definida. A demora se deveu ainda porque os presos queriam negociar sem antes liberar os reféns, e a PM exigia que os guardas fossem libertados primeiro.

Hottz, que assumiu o posto no início do mês, disse que, a partir de agora, a PM não cederá em caso de rebeliões. “É inadmissível que os presos queiram dar as cartas. Não há possibilidade de negociar sem antes liberar os reféns. Agora vai ser sempre assim.” O comandante explicou que os detentos não tiveram a intenção de fazer uma rebelião. O que houve, segundo ele, foi uma tentativa de fuga em massa.

O número exato de fugitivos não havia sido divulgado até o início da noite, porque os policiais ainda faziam a recontagem de presos. O trabalho foi acompanhado por representantes da Defensoria Pública e da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) – uma exigência dos presos. A PM também não divulgou a quantidade de armas em poder deles. O único armamento confirmado foi uma pistola.

Reivindicações

Os presos pediram a transferência dos já condenados para presídios – segundo eles, metade da carceragem da casa de custódia, onde só devem ficar pessoas que aguardam julgamento, é ocupada por presos já condenados. Queriam também a troca da direção da casa e da empresa que fornece comida para o presídio. Outra reivindicação foi a liberação das visitas nos fins de semana. Os internos pediam também a presença dos jornalistas – que acompanhavam a movimentação na Estrada Guandu do Sena, em frente ao complexo -, só liberada com a rendição.

Ao fim do motim, quando os jornalistas puderam entrar, os presos disseram que tomaram os guardas como reféns para garantir que a PM não faria um massacre na cadeia. Eles disseram ainda que somente a sala onde funcionaria a Defensoria Pública foi destruída durante a rebelião.

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