Morre o ator e compositor Mário Lago

Rio (Das agências) – O ator, escritor e compositor Mário Lago morreu ontem à noite no Rio de Janeiro, aos 90 anos. Desde maio deste ano ele lutava contra um enfisema pulmonar em estado avançado. Respirava e se alimentava com ajuda de aparelhos. “Amélia não tinha a menor vaidade/Amélia é que era mulher de verdade”. O verso é um clássico do samba brasileiro – e é de autoria de Lago, que antes de ator era um grande compositor e letrista de sambas, marchas e foxes. A música, para quem não se lembra, é Ai Que Saudades da Amélia, de 1942 e gravado originalmente pelo grande Ataulfo Alves.

São também de Mário Lago as músicas Aurora, de 1941, Nada Além, de 1938, Atire a Primeira Pedra, de 1944 e É Tão Gostoso, Seu Moço, de 1953, entre outras. São canções que vão além de meras “musiquinhas” e mostram um compositor engajado com o meio social, com conhecimento de causa de “beira de bar” e “calçadão”. Em parte, a verve veio de berço, com seu pai, Antônio Lago, que era maestro. A música apareceu pela via das letras, já que Mário Lago começou a escrever poemas e publicá-los a partir dos 15 anos, enquanto formava-se em Direito.

A primeira composição foi gravada por Mário Reis em 1935 e era uma parceria com Custódio Mesquita: Menina, Eu Sei uma Coisa. Com o mesmo parceiro, teve Nada Além registrada nos bolachões por ninguém menos que Orlando Silva, então no auge de sua carreira.

Além desta biografia, que por si só o faz um grande compositor brasileiro, Mário Lago foi um grande ator (tendo participado de inúmeras novelas, entre elas Casarão, da Rede Globo), minisséries e escreveu inúmeros livros, como Na Rolança dos Tempos . Um aspecto pouco conhecido de sua vida, mas ao qual ele sempre deu muita importância, foi a militância política. Mário Lago faz parte de uma geração que se engajou com coração e coragem na difícil e nem sempre bem sucedida tarefa de transformar o Brasil em um país melhor.

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