A Polícia Militar do Maranhão anunciou na manhã desta segunda-feira, 6, que prendeu mais seis acusados de participar dos atentados á ônibus e delegacias em São Luís, capital do estado. Com estas novas detenções sobre para 17 o número de acusados de participar das ações criminosas. Também foi confirmada, nesta manhã, a morte da menina Ana Clara Santos Sousa, de 6 anos, que com 95% do corpo queimado, estava em ventilação mecânica na UTI Pediátrica, e em leito de isolamento do Hospital Estadual Juvêncio Matos e havia sido submetida a cirurgia.

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Dois dos acusados presos são adolescentes. Os seis detidos durante uma operação policial na Vila Sarney estavam escondidos em um matagal e são apontados como os criminosos que organizaram e executaram o único ataque que deixou cinco vítimas, entre elas duas irmãs uma criança de seis anos e outra de 1 ano e cinco meses, e a mãe das duas meninas.

A versão da polícia é corroborada pelo fato de um dos detidos apresentar queimaduras pelo corpo. Os nomes destes seis acusados não foi divulgado e deverão ser apresentados junto com outro homem preso acusado de participar do atentado à 8.a Delegacia de Polícia, localizado no bairro da Liberdade, apontado com uma das áreas disputadas por facções criminosas ligado ao tráfico de drogas.

Vítimas

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Segundo os últimos boletins médicos divulgado pelos hospitais Lorane Beatriz Santos, de 1 ano e 5 meses, apresenta queimaduras em 20% do corpo, nas pernas e no braço esquerdo. O quadro clínico, divulgado pelo Hospital Estadual Infantil Juvêncio Matos, é estável e encontra-se em leito de isolamento da enfermaria pediátrica.

A mãe das duas crianças, Juliane Carvalho Santos, de 22 anos, está com 40% de área queimada, permanece internada em unidade intermediária de outro hospital e foi submetida a curativo cirúrgico neste domingo (5). Ela e os outros adultos estão internados em outro hospital da capital, Tarquínio Lopes, que é a unidade hospitalar de referência para tratamento de queimados na capital.

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Abiancy Silva dos Santos, de 35 anos, está internada na enfermaria, com queimadura segundo grau em membro superior direito e abdômen, quadro clínico estável e também passou por procedimentos cirúrgicos no ontem .

Já Márcio Ronny da Cruz Nunes, de 37anos, tem queimaduras em 72% de seu corpo e está internado em UTI em estado grave. Márcio é apontado como um herói por ter sido ele quem retirou a menina de seis anos de dentro do ônibus incendiado na Vila Sarney.

Segundo as testemunhas e parentes da vítima, Márcio Ronny, que é pai de cinco filhos, voltava do trabalho, onde atuava como entregador de frango abatido, quando o ônibus em que estava foi parado pelos bandidos.ele teria tido tempo de sair do coletivo antes dos bandidos atearem fogo ao veículo, porém ficou para ajudar Juliene e as filhas a sair do coletivo.

“A calça que ele vestia estava encharcada de gasolina. Ele me falou que só demorou a sair porque estava tentando salvar as crianças. Uma delas ele retirou do ônibus. Acho que foi a menina de 6 anos. Ele sempre cuidou bem dos filhos e acho que, por isso, agiu assim. Se não tivessem as crianças, ele teria saído logo”, conta a irmã, Maria da Conceição Nunes, que é cobradora de ônibus.

Operação

Ontem a polícia maranhense montou uma grande operação na cidade, envolvendo 400 PMs e 150 policiais civis, para conter a onde de ataques e atentados. Segundo a Polícia Militar, as ações também são uma resposta aos argumentos do Sindicato dos Rodoviários do Maranhão, que, alegando falta de segurança, impediu a circulação de ônibus em São Luís na noite de sábado (4) e ontem, o que deixou a cidade sem transporte coletivo desde as 18h nos dois dias.

Na manhã desta segunda-feira, 6, apesar dos coletivos retornarem ás ruas a partir das 6h da manhã , a volta ao trabalho não foi fácil. Muitos ônibus passaram foram do horário e houve briga entre passageiros para conseguir um lugar entre os ônibus que passavam.

“Todas as vezes que ônibus atrasado é uma disputa para quem precisa bater ponto. É uma guerra para embarcar. Tem gente que puxa outros passageiros, tem empurra-empurra na hora de embarcar. Muito difícil. No retorno para casa será a mesma coisa, porque os cobradores e motoristas disseram na viagem que vão parar as 18h hoje também”, cotou a doméstica Cláudia Nascimento, que precisa tomar duas conduções para chegar ao trabalho.

Nesta terça-feira (7), uma reunião entre representantes do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário do Maranhão (STTREM), Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) e Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de São Luís (SET) deve avaliar a possibilidade de retorno da circulação da frota à noite.

Houve uma tentativa de reunião organizada pela cúpula da PM, ainda no sábado, porém os rodoviários não enviaram representantes para negociar.