Missa no Rio de Janeiro marca um ano de morte de juíza

Familiares da juíza Patrícia Acioli, assassinada em 11 de agosto de 2011 com 21 tiros quando chegava em casa em Niterói (RJ), pediram Justiça para que a morte da magistrada não tenha sido em vão, sem representar exemplo na defesa de outros juízes ameaçados.

 

Eles participaram hoje (11) de uma missa na Catedral Metropolitana do Rio em memória da morte da juíza, que completa um ano. A celebração foi convocada pelo Tribunal de Justiça do Estado.

 

Estavam presentes a mãe da magistrada, Maria Acioli, as irmãs e a filha mais nova, Ana Clara Chama, 13. A filha disse que espera que todos os suspeitos sejam julgados e condenados.

“Ela sempre combateu esse tipo de coisa e morreu por isso. Agora é preciso que se faça Justiça e que todos os responsáveis sejam punidos”, disse Ana Clara, que antes falou sobre a mãe. “Penso em ser juíza, mas meu pai não quer. Mas é uma possibilidade”, disse.

A irmã Simone Lourival Acioli disse que a família está ansiosa para o julgamento dos 11 policiais militares denunciados pelo Ministério Público como suspeitos do assassinato.

Os primeiros julgamentos devem começar em setembro. “Queremos que se faça Justiça, que a morte dela não seja em vão”, afirmou. Simone também disse que espera que juízes ameaçados não sejam tratados como sua irmã foi à época.

Segundo ela, a magistrada temia pela vida e solicitou auxílio do Tribunal de Justiça do Rio, o que não ocorreu. O vice-presidente do tribunal, Nametala Machado Jorge, presente na cerimônia, afirmou que o momento é de solidariedade à família.

A missa foi rezada pelo bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio, dom Edson de Castro Homem. Ele disse que Patrícia foi uma grande mulher e uma extraordinária brasileira.

“Não é preciso recordar da conclusão trágica da sua vida, mas a mulher profissional e preocupada com o social que foi”, disse. O bispo afirmou ainda que o país carece de heróis e heroínas, e que era bom estar ali para honrar a alma da juíza.

Ele lembrou ainda uma passagem da Bíblia. “A vida dos justos está nas mãos de Deus, e não dos homens”. Familiares e amigos se emocionaram com a mensagem do bispo.

O presidente da Amaerj (Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro), desembargador Cláudio Luis Braga Dell-Orto, disse que a juíza morreu por ter sido honesta e honrar a profissão que escolheu. “Que o martírio da colega seja exemplo para todos que representam a sociedade e têm fé naquilo que faz”, disse.