Rodrigues: defender o patrimônio é legítimo.

Brasília – O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, sugeriu ontem a legitimidade da defesa armada de propriedades rurais. Logo em seguida ele afirmou que qualquer ação deve ser feita dentro da lei, ao comentar conflito ocorrido na véspera no Paraná, onde um integrante do MST foi ferido. “Eu acho que quem tem patrimônio tem que defender o patrimônio, se não, não tem direito de terra”, disse o ministo depois de uma cerimônia no Palácio do Planalto. Questionado se a defesa armada seria adequada, o ministro indagou: “Qual outra maneira você acha?”.

Classificando sua declaração como “um escorregão”, o ministro voltou atrás e disse que a defesa das propriedades deve ser feita “dentro da lei, sob o império da lei”, lamentando o episódio envolvendo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. “Uma ação fora da lei não pode gerar uma reação fora da lei”, insistiu o ministro. Dessa vez, porém, ele evitou dizer até onde pode chegar a defesa da propriedade: “Eu sou engenheiro agrônomo, para isso tem que ser advogado”. Mas ele admitiu que se o uso de armas no caso for previsto na lei então ele seria legítimo. O ministro disse nem considerar a hipótese de que sua fazenda seja invadida pelo porque “é altamente produtiva”.

A nova ofensiva do MST no campo foi classificada pelo presiente do Grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes, como uma “colheita” do governo Lula. Ele está “recebendo hoje o que plantou no passado”, disse Antônio Ermírio. “O MST é uma coisa revolucionária e desacata o governo. Não existe regra de jogo, porque eu não posso suportar que o MST vá lá e naturalmente diga desaforo ao governo e o governo aceite isso sem dizer nada”, afirmou.

Para o empresário, Lula não deve ser conivente com o movimento. “Pode até ter simpatia pelo MST, mas não pode endossar. Antônio Ermírio chamou de “ato impensado” o fato de Lula usar um boné do MST durante encontro com lideranças em Brasília. “O MST representa exatamente o que o governo não quer que é a baderna, ou alguém quer, baderna?”, indagou. Ele criticou José Rainha, um dos líderes do movimento.

“O Rainha disse que quer criar no Pontal do Paranapanema um novo Canudos. Sabe quantas pessoas morreram em Canudos? Vinte mil pessoas. É isso que ele (Rainha) quer? Uma nova revolução no Brasil? Acho que o Brasil tem que crescer de outra maneira e não na base do tiro”, disse. O empresário garantiu não ter nada contra o MST, que não conhecia as lideranças do movimento, mas criticava a postura desrespeitosa dos sem-terra. Antônio Ermírio recebeu ontem, em São Paulo, o prêmio Melhor Empresa dos 30 anos de Melhores e Maiores, da revista Exame.

Safra de café terá quebra de 42%

São Paulo – A colheita de café está no início, mas o Ministério da Agricultura já concluiu que a safra deste ano deve ter queda de até 42% ante o recorde histórico de 48,4 milhões de sacas de 2002. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, reuniu-se com representantes das principais entidades de produtores e anunciou a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab): a safra 2003/2004 será de 27,85 milhões a 30,08 milhões de sacas. Essa conclusão pode significar aumento da cotação do café nas bolsas internacionais, pois o Brasil é o maior produtor do mundo, mas Rodrigues estuda uma forma de apoiar os agricultores diante da redução dos ganhos nos próximos meses.

Nas lavouras mineiras, a queda deve chegar perto de 50%. Minas é o Estado que mais produz café, sendo responsável por mais da metade da safra do País. Os demais são Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Paraná e Rondônia. A redução da produção não chega a surpreender os cafeicultores: eles sabem que, após uma safra boa, sempre vem uma inferior. Problemas de clima, porém, fizeram com que as lavouras mineiras sofressem mais prejuízos do que o previsto, explica o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino da Costa.

“No segundo semestre de 2002, as regiões de Guaxupé, do Sul de Minas e do Cerrado Mineiro foram afetadas pelo excesso de calor e escassez de chuvas. Os cafeicultores sabem que a colheita deste ano não será farta”, disse Costa.

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