Mineiros também matam mendigos

Belo Horizonte – A Polícia Militar de Minas Gerais encontrou no final da manhã de ontem o corpo de um homem, aparentemente um andarilho, que apresentava um grande corte na cabeça. O corpo foi encontrado por militares do 16.º Batalhão em um terreno baldio, no bairro São Cristovão, região Nordeste de Belo Horizonte. Na tarde de anteontem, policiais militares encontraram no leito do ribeirão Arrudas, região central da cidade, o corpo de outro morador de rua, morto com requintes de crueldade.

O homem – identificado apenas como Dênis e conhecido também pelo apelido de “Magrelo” – estava com os pés e as mãos amarrados por um fio de náilon. Ele teria sido espancado e depois jogado da cabeceira do Arrudas. O corpo estava envolvido em um saco plástico normalmente usado pelos catadores de papel.

Segundo o soldado André Souza, do 34.º Batalhão da PM, que participou da ocorrência, o crime está ligado ao tráfico de drogas e foi motivado por vingança. Dênis, segundo ele, teria roubado pedras de crack de um traficante e por isso teria sido executado. Enquanto isso, em São Paulo, os mendigos estão, por precaução, deixando a área central da cidade. Com medo de serem as próximas vítimas, moradores de rua estão deixando o centro da cidade para outros bairros, segundo o Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral dos Menores de Rua. Ontem, a polícia deveria ouvir mais quatro testemunhas da morte dos seis mendigos que foram atacados a partir da semana passada.

A polícia acredita que todos os golpes que provocaram as mortes foram deferidos pela mesma pessoa. A suspeita foi levantada com base em laudos necroscópicos divulgados oficialmente nesta quinta-feira. O trabalho do Instituto Médico Legal (IML) levou a polícia a confirmar uma outra suspeita: cinco das vítimas morreram com uma única pancada na cabeça, realizada com um objeto contundente, uma marreta, por exemplo.

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está monitorando, com visitas regulares de policiais, os hospitais onde estão internados os moradores de rua atacados em São Paulo. A Polícia Civil espera que um dos sobreviventes dos massacres na região central da capital paulista tenha condições de dar alguma informação.

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