Depois de pelo menos duas rodadas polêmicas de negociação com representantes da indústria automobilística e de combustíveis, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, levará na próxima quarta-feira (10) ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) uma proposta de nova resolução para regulamentar a porcentagem de enxofre no diesel brasileiro.

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A Resolução 315 do Conama, assinada em 2002, impõe um limite de 50 partes por milhão (ppm) de enxofre para o diesel (S50) e deveria entrar em vigor em janeiro de 2009. Atualmente, a concentração no diesel brasileiro é de 500 ppm nas regiões metropolitanas e de 2.000 ppm nas áreas rurais. Na Europa, essa concentração é de 10 ppm e nos Estados Unidos, 15 ppm.

A proposta de Minc é reduzir a concentração para 10 ppm de enxofre, o chamado diesel S10, já em 2012 e não a partir de 2016. A solução seria uma forma de compensar o não-cumprimento da Resolução 315 no início de 2009.

O Ministério do Meio Ambiente, no entanto, argumenta que a proposta de Minc “não altera, em absoluto”, a atual resolução do Conama. Pela proposta, a partir de 2009, as empresas só poderão fabricar ônibus e caminhões se cumprirem as exigências da legislação, ou seja, com motores adaptados ao diesel menos poluente.

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“O possível descumprimento da Resolução Conama 315 por parte das indústrias será resolvido no âmbito do Ministério Público ou do Poder Judiciário”, informou o ministério em nota técnica.

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Um dos representantes da sociedade civil na discussão, o presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e um dos idealizadores do Movimento Nossa São Paulo, Oded Grajew, espera que o ministro mantenha efetivamente o posicionamento de não aceitar mudanças ou adiamento da resolução.

“Espero que ele (Minc) não esmoreça, porque com essa posição vai ter que peitar o governo e a Petrobras”, disse Grajew. Ele argumenta que a indústria automobilística tem tecnologia disponível para fabricar motores que usem o novo diesel e que a Petrobras pode importar o combustível menos poluente para abastecer o mercado em janeiro do próximo ano. “Falta vontade política”.

Na última semana, o Movimento Nossa São Paulo entregou ao ministro um abaixo-assinado com mais de 1.300 assinaturas exigindo o cumprimento da regra do Conama.

“Vamos continuar até as últimas consequências, inclusive indo à Justiça se a resolução não for cumprida a partir de janeiro. Não é um assunto para negociação. Não temos a mínima condição de negociar a vida das pessoas; o que está em jogo é a saúde pública”, ponderou Grajew. 

A reunião do Conama está prevista para quarta-feira (10) na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).