Mercosul trabalha para ter índice comum de inflação

Os trabalhos estatísticos para a produção de um índice de preços ao consumidor comum aos quatro países do Mercosul estão avançados, informou o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sérgio Besserman. Um índice de inflação comum é uma pré-condição para a criação de uma moeda única no Mercosul.

O trabalho tem o apoio da União Européia (UE), cujo embaixador no Brasil, Rolf Timans, pediu hoje (2) a criação do instituto de estatísticas do Mercosul para produzir indicadores comuns aos países participantes do bloco. Timans fez o pedido na abertura do seminário “Cooperação Estatística – União Européia, Mercosul e Chile”, promovido pelo IBGE. Caso seja criado, o instituto de estatísticas do Mercosul, que já está sendo chamado pelos técnicos de Mercoestat, terá um corpo pequeno, uma vez que trabalharia em conjunto com os órgãos nacionais de produção de indicadores, como o IBGE.

No entanto, a continuidade do trabalho e a efetiva criação do instituto e do índice de inflação dependem de decisão política dos governos dos países envolvidos, inclusive da Europa  em renovar um convênio para a harmonização de metodologias e produção de indicadores do Mercosul, que prevê também indicadores sociais e outros, como o do cálculo do Produto Interno Bruto (PIB).

“Me parece que este convênio está totalmente de acordo com as prioridades do novo governo”, disse Besserman. “Eu não sei se a UE tem interesse em renovar estes recursos, mas eu rezo todo dia para que tenha.” A UE já investiu 5 milhões de euros a fundo perdido no trabalho e promove também a troca de informações sobre como foi esse processo entre os seus países membros.

O embaixador da UE disse que a integração do Cone Sul é muito importante para a UE. “É um objetivo estratégico do nosso lado para favorecer a multipolaridade no mundo”, disse.

De acordo com uma fonte presente ao encontro, os europeus têm interesse em melhorar a produção de indicadores dos países do Mercosul porque esse tipo de informação precisa ser confiável para ser usado como base para a tomada de decisões de investimentos de empresas e instituições européias na região.

O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias, e o presidente do Mercosul até dezembro  embaixador Clodoaldo Hugueney, destacaram a importância desse trabalho para orientar as políticas a serem adotadas pelos países e pelo bloco. Iglesias enfatizou a necessidade de informações de qualidade para orientar decisões que os países do bloco terão de tomar “nos próximos dois ou três anos” como o que fazer com o Mercosul, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), o acordo com a União Européia e a rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). “Isso vai mexer com a vida de nossas populações durante décadas”, disse.

Para Iglesias, com melhores dados será mais fácil chegar a respostas para perguntas como “quais são os efeitos reais da integração? Quem ganha? Quem perde? Como se apóia quem perde? Como se aumenta o número dos que ganham?”.

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