Os eleitores portadores de deficiência terão até o dia 7 de maio para solicitarem a transferência de título para uma seção especial que atenda às suas necessidades. A campanha nacional faz parte de uma iniciativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para unificar o atendimento aos eleitores deficientes. Mas para o presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade), Alexandre Carvalho Baroni, a campanha pelo aprimoramento do acesso ao voto pelos portadores de deficiência do TSE é positiva, porém não ideal.

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?Todo o tipo de medida que tente facilitar a vida do deficiente é bem-vinda, mas o ideal seria que todos os locais de votação fossem acessíveis?, declara. Baroni ressalta que a ação é apenas paliativa, e que falta uma legislação que garanta acessibilidade em todos locais onde há votação.

A falta de adequação nas seções eleitorais para atender aos portadores de deficiência abrange todos os Estados brasileiros, de acordo com o presidente do Conade. O principal problema é a existência de barreiras físicas, que impedem o acesso de cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção. Brito também destaca o número insuficiente de urnas com um dispositivo que confere retorno de áudio para os deficientes visuais, auxiliando o cego a saber se votou corretamente sem prejuízo do sigilo do voto.

Despreparo

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Outra questão é o despreparo do pessoal que trabalha nas zonas eleitorais. A eleitora paulistana Aliane Cruz, de 32 anos, é deficiente visual e nas eleições de 2006 demorou mais de uma hora para conseguir votar. A seção, na zona sul de São Paulo, não possuía urna com retorno de áudio. ?Me levaram a uma urna adaptada para cegos rapidamente, mas a dificuldade foi na hora de conseguir o fone de ouvido?, relata. Ela também conta que no dia do pleito um eleitor que usava muletas teve dificuldade e teve que solicitar ajuda do juiz presente para permitir que um acompanhante o auxiliasse no momento do voto.

De acordo com o Código Eleitoral, o cidadão portador de necessidades especiais pode contar, para votar, com o auxílio de pessoa de sua confiança, mesmo que não tenha requerido antecipadamente ao juiz eleitoral. ?Todas as pessoas envolvidas nas eleições deviam ser informadas sobre os recursos e treinadas para lidar com as pessoas especiais?, disse Aliane.

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As dificuldades enfrentadas pelos eleitores deficientes na hora do voto só evidenciam um problema antigo. ?Se pensarmos que os prédios onde votamos são na maioria colégios e locais públicos, isso mostra que o deficiente não tem acessibilidade aos lugares comuns?, declara Baroni, ressaltando que a reivindicação da aplicação do decreto 5296/04, que obriga todos os espaços públicos a serem acessíveis, é uma luta antiga. ?Por que o deficiente tem mais dificuldade e precisa transferir o título e o local de votação? O deficiente quer acessibilidade e votar em qualquer seção, com sua família, como qualquer outro eleitor?, defende.

Para transferir o título de eleitor, o interessado deve procurar o cartório eleitoral de sua cidade, portando documento de identidade com foto e comprovante de residência, além de especificar a sua necessidade especial.