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‘Mano, a gente criou esse plano’

‘Foi o …, e pior, nós planejamos tudo isso’, disse o menor apreendido pela Polícia Civil nesta terça-feira, 19, a um amigo por meio de mensagens. Ele está sob suspeita de ter colaborado para a idealização do massacre que terminou com dez mortos na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo. O menor, apreendido nesta terça, 19, por ordem judicial, prestou depoimento na semana passada.

A Justiça autorizou a quebra de sigilo de seu celular. Além dos registros telemáticos, uma professora disse aos investigadores que ele havia dito a ela em 2015 que tinha, entre seus planos, a ideia de atirar em alunos de uma escola aleatoriamente.

Em uma das conversas, ele diz a um amigo: “Mano, a gente criou esse plano quando eu tava no primeiro ano”. “Era para ser eu lá também”. O interlocutor responde: “Eu espero que você não tenha nada a ver com isso, porque eu te considero pakas como um irmão mesmo”.

O jovem, apreendido nesta terça, 19, replica. “Eu não tenho, cara”. “Mas a gente só falava nisso, então ele deve ter tirado alguma ideia de mim”.

Uma professora que chegou a dar aula para o adolescente afirmou à Polícia que ficou “chocada” com o que ouviu dele durante aula em uma “dinâmica de sobre a projeção do futuro”.

“Este teria respondido de forma fria, sem expressar qualquer sentimento que o seu maior sonho era entrar em uma escola, armado e atirar em várias pessoas aleatoriamente; alega que ficou chocada com a expressão fria do aluno, que mesmo sendo questionado pela declarante, se não tinha remorso, respondeu que o único sentimento que desenvolvia era um sentimento de prazer, quando imaginava tal cena”, consta no termo de depoimento da professora.

No dia do atentado, ela ainda entrou em contato com o celular do jovem, por desconfiar de que ele teria sido o autor dos ataques. Entretanto, ele respondeu dizendo que não fez parte do massacre, mas que seu “melhor amigo fez”. “Ele só tinha problemas demais”.

Ela questiona. “E o que você acha disso?”

“Eu não tenho opinião”. “Ele se matou, um belíssimo fdp, isso sim”. “Vou sentir falta dele”.

Ela diz. “Fim de mundo”. O jovem responde. “Nem tanto kkkk”, “Nem cheguei a chorar”.

A professora ainda alerta. “Chorei muito, pensei que você estivesse envolvido”. E o jovem responde. “Um monte de gente pensou kkk”.

Em determinado momento da conversa, ele ainda afirma. “Ele fez o que a gente vivia conversando sobre”. “Entrou para a história”.

Após identificar as mensagens no celular do jovem, a Polícia Civil e o Ministério Público pediram a quebra do sigilo telefônico do jovem. As autoridades continuam a suspeitar de envolvimento de fóruns clandestinos na internet no massacre. “Ademais, para fins de destacar um possível cenário motivacional dos fatos, tais circundam em contexto denominado de ‘Dogolachan’, que é frequentemente utilizada em cenários de deep web. (documento explicativo deste termo em anexo – fonte retirada da web).”

Depoimento

Em depoimento à polícia, o jovem afirmou que no ano de 2015, o declarante e seus dois amigos tomaram conhecimento do atentado de Columbine, nos Estados Unidos, ocorrido há muitos anos, em que dois adolescentes ingressaram em uma escola armados onde efetuaram diversos disparos, totalizando 12 vítimas e na sequência cometeram suicídios;

Ele “esclarece que tanto o depoente quanto o autor do massacre de Suzano, apresentavam muita simpatia pelo atentado; que por várias vezes ele alimentava a imaginação de dizer: ‘imagina se alguém entrasse na escola (Raul Brasil) atirando, fazendo ainda uso de machadadas, pois a repercussão seria maior'”.

O jovem apreendido nesta terça, 19, disse à polícia que “diante da imaginação macabra do amigo, trocava de assunto”.

Ele ainda disse que o autor dos atentados dizia: “imagina confeccionar uma bomba falsa e dispor de muito tempo da polícia e no final apenas haver um bilhete no artefato falso”.

Ele diz que ele quis “superar o atentado, acrescentando coquetéis molotov, bomba falsa supostamente com bilhete, bem como a machadinha e o arco e uma besta, a fim de que seu crime que estava em sua imaginação repercutisse mais do que o citado atentado americano”.

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