Cerca de 10 mil pessoas participaram neste domingo (21) de uma caminhada na praia de Copacabana, zona sul, para pedir o fim da discriminação religiosa. Sob chuva, a manifestação reuniu artistas, intelectuais e representantes de várias crenças, com predomínio das religiões afro-brasileiras, que denunciaram o preconceito e a perseguição por parte de outros grupos.

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De acordo com um dos organizadores da manifestação, o babalorixá Ivanir dos Santos, são inúmeros os casos de preconceito no Rio, principalmente, contra as religiões de matriz africana como umbanda e candomblé. Segundo ele, os ataques são sistemáticos, inclusive pelos veículos de comunicação.

“Há vinte anos sabemos de casos de invasão a casas, ofensas, violência. Algumas pessoas põem a Bíblia na nossa cabeça. Na escola, as crianças são chamadas de macumbeiras, dizem que seguem o diabo. São várias coisas”, contou.

A mãe-de-santo do candomblé Conceição DOlissá, coordenadora de um terreiro em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, também denunciou a discriminação. Ela disse que é ofendida toda vez que está trajada de branco, conforme sua religião. “Tem sempre alguém para dizer que não somos filhos de Deus”.

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Um dos principais líderes do movimento negro no país, Abdias do Nascimento, aos 94 anos de idade também participou da manifestação. Ele disse que a idéia da caminhada, além de defender a liberdade de culto no país tinha objetivo de pôr em discussão a superação do racismo.

Segundo ele, essas pessoas querem manter o status do negro na sociedade. “Um status de inferioridade e até uma espécie de escravidão. Uma escravidão moral, de espírito e, por isso, procuram amordaçar a comunidade negra para que ela não se manifeste em sua magnitude, disse Nascimento, que foi o primeiro senador negro do país. É preciso mudar essa mentalidade.

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