Caso Eliza Samudio

Macarrão incrimina o goleiro Bruno em novo depoimento

Após duas horas e 40 minutos de interrogatório, o réu Luiz Henrique Romão, o Macarrão, incriminou no início da madrugada de hoje o goleiro Bruno pelo desaparecimento e morte de Eliza Samudio, em junho de 2010.

Segundo Macarrão, Bruno havia pedido que ele levasse Eliza até um ponto próximo da Toca da Raposa -centro de treinamento do Cruzeiro na Pampulha, em Belo Horizonte- onde um homem a estaria esperando. “Eu estava pressentindo que ela iria morrer.”

Macarrão, nessa parte do depoimento, começou a chorar. Ele disse ter tentado demover Bruno da ideia de assassinar Eliza.
“Bruno, estou falando, deixa essa menina em paz. O Cleiton já foi preso. O Jorjão já foi preso. Não quero ser mais um a entrar no sistema. Qualquer coisa que acontecer, vão colocar a culpa em mim”, disse o réu.

Nesse momento, segundo Macarrão, Bruno teria dito: “faz o que estou dizendo, larga de ser bundão”. “Sou pica. Sou Bruno.”

Segundo Macarrão, Bruno enganou Eliza, que achava que estava sendo levada a um apartamento.

acarrão afirmou ter deixado ela perto do local combinado, onde um Fiat Palio escuro a esperava. O réu disse que saiu do lugar rápido e que não viu o que aconteceu depois. “Eu estava apavorado. Quase bati o carro”.

Procurando a mãe de Eliza na plateia, Macarrão disse que se soubesse onde está o corpo da ex-namorada de Bruno, ele contaria. Segundo o réu, é mentira a versão contada por Sérgio Rosa Sales Camelo, primo do jogador, de que partes do corpo de Eliza teriam sido jogadas a cães da raça rottweiler.

O interrogatório da acusação terminou por volta das 4h com o réu reafirmando sua inocência. “Não sou assassino”, disse Macarrão ao advogado assistente de acusação.

Homossexualismo

Questionado pela Promotoria sobre os boatos de que seria homossexual, Macarrão disse que isso não é verdade. O réu afirmou que não teria nenhum problema em assumir essa condição, caso fosse verdade. Segundo ele, tais boatos foram criados pelo ex-advogado de Bruno, Rui Pimenta.

“Não há dinheiro de ação que pague o tanto que fui humilhado dentro do sistema por causa dessa afirmação”, disse.
Sobre a tatuagem que fez nas costas, em que chama sua amizade com Bruno de “amor verdadeiro”, Macarrão disse que foi feita uma semana antes da viagem e que Bruno também faria uma. “Acho que amizade acabou hoje aqui.” “Ele não foi honesto com ele mesmo. Eu tinha ele como meu irmão”.

Jogo de cobras

Durante o interrogatório, Macarrão disse que a relação entre as mulheres de Bruno “eram um jogo de muitas cobras”.
O réu contou que havia uma forte disputa entre elas. Segundo ele, a ex-mulher do goleiro, Dayanne Souza, incentivava Eliza a prejudicar Bruno por ciúmes de sua noiva, Ingrid Oliveira.

Ele disse ainda que Bruno prometia para Dayanne que iria volta para casa, para Ingrid que iria casar com ela e, também, para a ex-namorada Fernanda Castro que iria para a Itália. Na época havia um boato da ida de Bruno para o Milan.
Sequestro

Mais cedo, Macarrão havia negado que Eliza Samudio tinha sido sequestrada. Segundo ele, a jovem havia ido por vontade própria do Rio até o sítio de Bruno em Minas Gerais, para receber dinheiro do goleiro.

No início do interrogatório, Macarrão afirmou que diria a verdade e disse que não é o “monstro que estão falando”.
Macarrão também falou sobre o golpe que Eliza recebeu quando estava na Land Rover de Bruno, junto com ele e o primo adolescente do goleiro.

Ele negou que ela tenha levado uma coronhada. Disse que nem ele nem o adolescente andavam armados.
Segundo sua versão, houve uma discussão no veículo, o adolescente se irritou e deu uma cotovelada em Eliza, que começou a sangrar. “Foi uma briga feia”, afirmou.

Macarrão falou ainda sobre suas funções como “faz-tudo” do goleiro. Disse que, em fevereiro de 2010, Bruno estava endividado -devia cerca de R$ 400 mil.

Remarcado

Na manhã de ontem, a juíza Marixa Rodrigues mudou novamente a data do julgamento do goleiro Bruno. A nova data do júri será em 4 de março de 2013.

Além de Bruno, a ex-mulher do goleiro, Dayanne Souza, e o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, serão julgados nessa data. Outros dois acusados do crime, o ex-administrador do sítio de Minas Gerais, Elenilson Vitor da Silva, e o amigo do goleiro, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, também poderão estar no júri nesta data.

O julgamento havia sido remarcado inicialmente para janeiro após desmembramento do caso. A mudança de data se deve à dificuldade para formar o conselho de sentença nos meses de janeiro e fevereiro, período de férias escolares. Segundo a magistrada, para compor o júri -que deve ter inicialmente 25 jurados- é preciso reunir 70 pessoas que passarão pela seleção.

Elenilson e Wemerson não eram réus no julgamento que começou na última segunda-feira no fórum de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, mas também respondem pelo crime. O julgamento deles ainda não havia sido marcado.

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