Brasília – Antes de receber a cúpula do PMDB para o jantar no Palácio da Alvorada, na noite de quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ministros, presidentes de estatais e de bancos oficiais para dar uma orientação expressa: a partir de agora, as decisões tomadas pela coordenação política – as nomeações de indicados pelos partidos aliados – devem ser cumpridas no prazo de dez dias.
E recomendou que, quando houver a orientação política, mas não tiver cargo disponível, que substituam os petistas porque o governo é de coalizão. E deu a explicação: “O governo precisa dos aliados e dos votos no Congresso. E aliado não é só para votar no Congresso, é para integrar também o governo. E se não tiver de onde tirar, tira um do PT”, disse Lula.
Esta reunião durou três horas e dela participaram os ministros Dilma Roussef, de Minas e Energia; Humberto Costa, da Saúde; Eunício Oliveira, das Comunicações; Antonio Palocci, da Fazenda; Aldo Rebelo, da Coordenação Política; e os presidentes do Banco do Brasil, Cássio Casseb; da Petrobras, José Eduardo Dutra, e da Caixa Econômica Fedeal, Jorge Mattoso.
Um diálogo de Lula com o presidente do Banco do Brasil traduziu o empenho do presidente em efetivar as promessas de nomear os indicados pelo PMDB para o segundo escalão. O presidente perguntou por que duas diretorias do Banco do Brasil, a de micro e pequenas empresas e a de crédito cooperativo, não haviam sido preenchidas por peemedebistas, conforme a orientação da coordenação política.
Casseb disse que havia esquecido algum detalhe, quando o presidente interveio: “Como assim esquecer? Vocês ocupam posições importantes no governo, mas não dão um único voto no Congresso. Por isso, têm de estar sempre atentos a estas dificuldades que temos na política”. Quando a ministra Dilma Roussef fez elogios ao presidente da Eletrobras, Luiz Pinguelli Rosa, o presidente Lula disse que pessoalmente gosta muito de Pinguelli, que é seu amigo há vários anos, mas afirmou que, em nome da consolidação da base parlamentar, vai precisar do cargo para lá nomear Silas Rondeau, um indicado do presidente do Senado, José Sarney. “Gosto muito do Pinguelli, mas ele não me dá um voto no Senado”, disse Lula. O presidente da Petrobras também fez elogios ao diretor de Abastecimento, Cláudio Manso, mas o presidente disse que ele não representava os partidos aliados. Ficou entendido que ele será substituído por Paulo Roberto, diretor da Transportadora Brasileira de Gás.