Lula usará critério da distribuição regional para ministério

Um dos critérios considerados relevantes pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, para a montagem do ministério, que será anunciado quarta (4) ou quinta-feira (5), é o da distribuição regional dos cargos para evitar o tão criticado “paulistério” do presidente Fernando Henrique Cardoso. De acordo com petistas que conversam constantemente com Lula, todas as regiões serão contempladas com cargos no primeiro escalão.

Ao mesmo tempo, o presidente eleito cuidará, na montagem da equipe, de resolver dificuldades futuras no Congresso. Ainda conforme um petista da cúpula do partido, Lula convidará o deputado eleito Patrus Ananias (MG) para ocupar o futuro Ministério das Cidades (ou de Desenvolvimento Urbano).

Além de contemplar Minas Gerais com mais um posto no primeiro escalão (outro deverá ser dado ao deputado Nilmário Miranda, do PT do Estado, provavelmente, a Secretaria de Direitos Humanos), o presidente tirará Ananias da disputa pela presidência da Câmara. O nome dele é defendido por alguns setores do PT para o cargo.

Com a saída do deputado eleito pelo PT de Minas Gerais do páreo, a bancada do partido deverá escolher, numa votação interna, o candidato a presidente da Casa entre dois nomes: o líder João Paulo Cunha (SP) e Paulo Delgado (MG).

Ainda dentro do critério da distribuição regional dos cargos do primeiro escalão, o nome mais forte para ocupar o Ministério da Saúde, no momento, é o do ex-deputado Humberto Costa, de Pernambuco. Costa é médico e coordena o grupo da equipe de transição que cuida da área social.

Segundo informação de dirigentes da legenda, apesar das negativas de Lula, boa parte dos nomes foi escolhida. Já são ministros o presidente nacional da sigla, deputado reeleito José Dirceu (SP), que ocupará a Casa Civil, o coordenador-geral da equipe de transição, Antônio Palocci Filho, que irá para o Ministério da Fazenda, o deputado Jaques Wagner (BA), para o Trabalho, e o senador eleito Cristovam Buarque (DF) na Educação. Estes dois últimos nomes levam o primeiro escalão para a Bahia e para a capital do País. A Wagner, Lula disse: “Você tem lugar na minha equipe principal”.

Outro nome dado como certo é o da senadora Marina Silva (AC). Ela representaria a Amazônia. Seu concorrente mais direto era o deputado Tilden Santiago (MG), mas ele sabe que não tem mais nenhuma chance. Concluiu que o nome de Marina é muito mais conhecido internacionalmente, apesar de ele ter sido secretário do Meio Ambiente de Minas. Santiago, que disputou o Senado e perdeu, resolveu então pedir a nomeação para a Embaixada do Brasil em Cuba. “Já falei com o Lula e o José Dirceu.”

Promessa

A governadora do Rio, Benedita da Silva (PT), deverá ocupar a Secretaria de Ação Social, como prometido. Ao convencê-la a tentar a reeleição – ela queria disputar o Senado -, Lula comprometeu-se a convidá-la para o ministério. O mesmo ocorreu com o deputado José Genoino (PT-SP), derrotado para o governo de São Paulo. Mas ele não deverá ocupar o Ministério da Defesa, como se cogitou. É o nome mais forte para a Secretaria de Segurança Pública ou de Segurança Institucional.

O PC do B sonhou com a Defesa para o deputado Aldo Rebelo (SP), mas sabe que não o terá. E não quer o Ministério dos Esportes, alternativa oferecida por Lula. O partido decidiu então reivindicar para o deputado Haroldo Lima (BA) a Integração Nacional. Este ministério é disputado ainda pelo PL e, pelas informações de petistas, estaria garantido ao governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT), também cotado para os Transportes.

Outro gaúcho tem lugar quase assegurado: o secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul, Arno Augustin, iria para a Secretaria do Tesouro Nacional. Já o candidato do PT derrotado ao governo, Tarso Genro, deverá ganhar um posto no exterior – Embaixadas em Portugal ou Espanha -, pois tem relações delicadas com o grupo de Lula e de Olívio.

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