Lula teme efeito do mínimo nas eleições

Nova York – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Nova York, que o salário mínimo não pode ser usado para fazer discurso eleitoral em época de campanha. “Todo mundo sabe que as prefeituras não suportariam um minimo maior. Entretanto, mesmo pessoas que não conseguem pagar um salário maior, por causa da eleição votam no maior”, destacou Lula.

Segundo o presidente Lula, a Câmara cumpriu o seu papel, ao aprovar a proposta do governo mantendo o valor do salário mínino em R$ 260. “Eu acho que a Câmara cumpriu com seu papel. Quando pudermos, mandaremos uma proposta melhor”, disse o presidente.

O presidente disse, ainda, que sabe, assim como os brasileiros, que o salário mínimo é baixo, mas explicou que não é possível um aumento maior neste momento porque o valor do mínimo está vinculado à previdência social. ” A previdência tem um déficit de R$ 30 bilhões, o que torna humanamente impossível dar um salário mínimo maior. Temos que fazer mudanças na política do salário mínimo. Constituímos uma comissao que vai trabalhar para apresentar uma nova metodologia para discutir salário mínimo no país”, afirmou Lula.

Lula criticou os parlamentares que votaram por um valor maior, atribuindo o embate à disputa para as eleições municipais de outubro. Apesar de não citar diretamente, Lula deixou claro que falava do Senado. “Não é possível que o mínimo seja utilizado apenas para fazer discurso eleitoral em época de campanha”, afirmou ele, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), nos EUA, pouco antes de regressar ao Brasil.

Na semana passada, o Senado derrotou o governo ao aprovar um mínimo de R$ 275, deixando o presidente irritado com o que, em conversas reservadas, chamou de “demagogia”. Para Lula “todo mundo sabe” que as prefeituras e a Previdência não suportariam um salário mínimo maior. “Mas, por causa da eleição, mesmo as pessoas que não conseguem pagar mais votaram no maior valor sabendo que o governo, por ser responsável, proporia que a Câmara retomasse os R$ 260”, disse.

Ao criticar o Senado, Lula fez questão de defender a Câmara, que, na sua opinião, cumpriu o seu papel. Na polêmica do salário mínimo, o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), saiu fortalecido e ganhou pontos com Lula, que deverá apoiar sua reeleição. O “pacote” também inclui mais um mandato para o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

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