Lula recria Sudene e promete reativar Sudam

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, na cerimônia de recriação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em Fortaleza, que em breve atos semelhantes se repetirão na Região Norte, com a recriação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e, também, no Centro-Oeste, com a criação de uma agência de desenvolvimento dessa região. A Sudene e a Sudam foram extintas em 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso, sob alegação de haviam se tornado órgãos permeados de corrupção.

Lula criticou este argumento e a extinção das superintendências, afirmando que, se havia corrupção, que então se apurassem as ações corruptas e punissem os responsáveis. Na presença de praticamente todos os governadores do Nordeste e do de Minas Gerais, Aécio Neves – o governador do Piauí, Wellington Dias, mandou seu vice, Osmar Júnior, representá-lo -, do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, e diversos outros ministros, Lula rendeu homenagem ao idealizador da criação da Sudene no governo Juscelino Kubitschek, economista Celso Furtado.

Quando o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, expôs suas idéias sobre a utilização do dinheiro da nova Sudene, os governadores presentes à reunião começaram a protestar e reclamar da reforma tributária. Nesse momento, Lula pediu “pelo amor de Deus” que não começassem a brigar ou discutir o assunto para não tirar o “brilho” do anúncio da recriação da Sudene. Lula pediu para que não discutissem um assunto “que ainda não está decidido”. O presidente disse que teria um encontro com o relator da reforma tributária, deputado Virgilio Guimarães (PT-MG), para discutir o parecer dado por ele.

Reunião

Na quarta-feira, Lula se reúne com os governadores que representam as cinco regiões. Lula lembrou que o problema do Nordeste não é a seca, mas a falta de uma política coordenada. Disse que o desenvolvimento da região depende de um engajamento da sociedade, destacando a necessidade de “parceria do Estado e da sociedade para demarcar a questão social como a grande fronteira a ser protegida e ampliada no mundo da globalização”.

Lula anunciou que o orçamento da Sudene será três vezes maior do que o da antiga Adene (Agência de Desenvolvimento do Nordeste). Lendo o discurso, o presidente disse ainda que parte das verbas da Sudene virão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional. Dito isso, o presidente titubeou: “Isso ainda será discutido na reforma tributária”, disse o presidente, afirmando que no momento em que se referiu a essa parte do discurso lembrou-se diretamente dos governadores. “Eles, esses gentlemans, tão quietos, não estão tão quietos assim por dentro”, disse Lula, antecipando as futuras discussões da Sudene. No discurso, Lula afirmou ainda que a nova Sudene será livre de corrupção.

Governadores terão papel crucial

Fortaleza

(Agência Brasil) – Os governadores terão papel decisivo na nova Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), conforme garantiu ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro com governadores. Segundo o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, a reunião foi “excelente”, porque todos ouviram do presidente como vai funcionar a nova Sudene. Lessa disse que o centro das decisões ficará com os governadores.

Vai haver um conselho deliberativo, que vai ter ministros, representantes de empresários e dos trabalhadores, mas os governadores terão força decisiva nas questões, adiantou. De acordo com Lessa, os recursos para as ações institucionais que serão desenvolvidas pela Sudene sairão de um fundo orçamentário criado com incentivos fiscais de empresas.

A Sudene ressurge como instrumento alavancador do desenvolvimento na região, vai trabalhar com microcrédito e incentivar cada vez mais os empreendimentos fora dos grandes centros urbanos. “Ela volta para desenvolver a região, tirá-la da miséria, da situação crítica em que se encontrava”, explicou o governador. “Quanto maior o empreedimento, quanto mais distante for dos centros urbanos, maior será o incentivo do governo federal. A Sudene volta a funcionar com os príncipios básicos para dar certo”, afirmou o governador.

Sobre a possibilidade de desvio de verbas e de corrupção, principais motivos que levaram ao fechamento da Sudene, em 2001, o governador lembrou que o corretivo aplicado agora é a impossibilidade de transferência de recursos para empresas do mesmo grupo. Ele disse que a fiscalização da sociedade também contribuirá para diminuir a corrupção. “Não haver impunidade vai ajudar, igualmente, no combate à corrupção”, concluiu Lessa.

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