Lula quer sul-americanos contra a guerra de Bush

Brasília

– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou sexta-feira uma articulação para reunir os chanceleres de todos os países sul-americanos para discutir os efeitos para a região de uma possível guerra contra o Iraque. O Brasil é contra a guerra e o objetivo é tornar essa, uma posição de toda a América do Sul. O porta-voz do Palácio do Planalto, André Singer, disse que a região já está sofrendo com as conseqüências da ameaça de ataque e que os efeitos seriam “muito mais perversos” caso o conflito armado ocorra.

O encontro também servirá para discutir a criação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e os conflitos na Colômbia e na Venezuela. Lula já conversou sobre a ameaça de guerra com os presidentes da Argentina, Eduardo Duhalde; do Chile, Ricardo Lagos; e do Equador, Lucio Gutiérrez. Lula também conversou com o presidente da França, Jacques Chirac. O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, manifestou apoio à posição dos governos francês, alemão e russo. Os três países divulgaram uma carta condenando a guerra.

Além disso, Lula enviou ontem carta ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pedindo que as Nações Unidas intervenham nos conflitos da Colômbia, para tentar convencer os grupos armados a negociar. Na carta, Lula diz que seu apelo por trégua é dirigido especialmente às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). No caso de um conflito entre EUA e Iraque, Singer ressaltou que o Brasil e os demais países já estão sendo afetados em três aspectos: retração da economia, oscilação da cotação do dólar e aumento do preço do petróleo.

O porta-voz lembrou que a posição do Brasil é de que os inspetores da ONU precisam de mais tempo para fazer suas investigações no Iraque. No caso da Alca, o Brasil considera importante que os países estabeleçam uma plataforma conjunta. “O presidente já afirmou que considera que as condições de negociação serão melhores se os países da América do Sul, e não somente do Mercosul, puderem estabelecer uma plataforma de negociação conjunta”, disse Singer.

Petróleo

Mais de 30 organizações brasileiras, entre elas a Associação Brasileira de Imprensa, divulgaram um manifesto destacando que o motivo real da guerra que o presidente norte-americano George W. Bush pretende declarar contra o Iraque é de “se apropriar das reservas petrolíferas do Iraque (…), e recuperar a economia americana através do estímulo à indústria armamentística”. Estas organizações promoveram no dia de ontem manifetações em várias cidades brasileira, como parte das ações mundiais pela paz e contra a guerra que os Estados Unidos pretendem realizar.

Protestos no Brasil contra os EUA

São Paulo

– Pelo menos 20 cidades brasileiras participaram ontem da marcha mundial pela paz, em protesto contra a iminência de guerra no Iraque. Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Brasília, Salvador, Curitiba, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Florianópolis, Natal e Porto Velho serão os principais focos das manifestações. No Rio de Janeiro os protesto começaram na sexta-feira, com o Ritual Tambores da Paz, organizado pelos percussionistas dos blocos de Santa Teresa.

A ação, intitulada Dia Internacional de Mobilização Contra a Guerra, foi definida durante o Fórum Social Mundial deste ano e organizada por diversas ONGs. Ao todo, estima-se que mais de 600 cidades pelo mundo participem da mobilização. Conforme os organizadores, o movimento é uma tentativa de fazer com que as pessoas não se conformem com a possibilidade de uma guerra e organizem grupos, se vistam de branco, levem faixas, tambores ou qualquer instrumento de percussão que possas chamar a atenção à proposta de paz.

Cerca de 1.500 pessoas, a maioria vestindo branco, participaram da manifestação em Salvador (BA). Com faixas e cartazes pedindo paz, eles condenaram a política externa adotada pelo presidente Bush e disseram que os Estados Unidos não respeitam a liberdade. No centro de Fortaleza (CE) foram cerca de 2 mil pessoas, que entoaram gritos de guerra em tom carnavalesco como “Iraquiano é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo” e “Olê, olê, olê, olá, contra a guerra e o capital, a nossa luta é internacional”.

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