Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar as negociações dos palanques regionais das eleições de 2006 para tentar restabelecer o prestígio político do chefe da Casa Civil, José Dirceu. Lula tem dito que pretende reabilitá-lo na articulação política. Dirceu já foi escalado como o principal interlocutor do Planalto para tratar do tema com os aliados nos estados, ao lado do presidente do PT, José Genoino.

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Além de fazer um afago em Dirceu, Lula quer usufruir do poder e da influência do chefe da Casa Civil no PT para controlar dissidências e reações de líderes estaduais inconformados com eventuais acordos com aliados. Em outras palavras: o presidente quer o pulso firme de Dirceu a seu favor. Como ex-presidente do PT, ele domina cerca de 70% do partido.

A primeira missão de Dirceu é acertar o palanque de São Paulo. O chefe da Casa Civil iniciou a reaproximação com os principais líderes peemedebistas no estado: o ex-governador Orestes Quércia e o deputado federal Michel Temer. Como o PT deve lançar candidato ao Palácio dos Bandeirantes e ao Senado, Lula quer negociar com o PMDB o cargo de vice-governador. Nas primeiras sondagens, Quércia mostrou-se contrariado com a proposta. Mas não disse não.

O temor de Lula é esbarrar no próprio PT, que não abre mão de concorrer em alguns estados. Nas eleições municipais de 2004, o partido não conseguiu influir, por exemplo, na disputa em Fortaleza, já que o PT local não respeitou a determinação da executiva nacional e lançou a candidatura de Luizianne Lins.

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A lista de palanques obrigatórios do PT deve ser restrita a São Paulo, Rio Grande do Sul, Acre, Bahia e Sergipe. Nos demais estados, diz um ministro petista, a negociação está aberta. No Planalto, o que se tem dito é que Lula terá que adotar mesmo uma linha dura. A reeleição já esteve muito mais garantida do que hoje..