Lula promete valorizar funcionários de carreira

No último compromisso da viagem de dois dias à Argentina e ao Chile, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse que, escolhidos ministros e presidentes de estatais, pretende valorizar funcionários de carreira e levá-los para postos importantes.

Ele falou dos riscos das escolhas meramente políticas e achou curioso que só se fale em ministérios e na presidência do Banco Central, deixando-se de lado as empresas públicas e bancos, por exemplo. ?Quantos ministérios vale uma Petrobrás, um BNDES??, comentou.

Lula embarcou de volta a São Paulo às 9 horas de hoje (10 horas no Brasil). Bem-humorado e na expectativa do jogo entre Corinthians e Fluminense, o corintiano Lula lembrou algumas passagens de sua vida política e profissional. Ao criticar as indicações políticas, o petista contou que era presidente do PT quando enviou pedido de um cartão de crédito para o partido ao então presidente do Banco do Brasil Lafayette Coutinho.

Segundo Lula, depois de muito tempo, Coutinho respondeu que ?por motivos políticos? o cartão não poderia ser autorizado. ?Pedi então ao Lázaro Brandão, do Bradesco, e em dez dias estava lá o cartão, com R$ 400 mil de crédito?, disse Lula.

Ele também citou as frustrações de funcionários que não são valorizados nas empresas onde trabalham, lembrando que quando era metalúrgico havia um torno considerado o mais importante e, certa vez, quando se aproximava sua oportunidade de manejar o equipamento, a empresa onde trabalhava contratou um operário de fora. ?É uma decepção danada?, disse.

O presidente eleito afirmou que não considera imprescindível que os principais nomes de seu ministério sejam anunciados antes da viagem aos Estados Unidos, para a reunião com o presidente George Bush, marcada para o dia 11 deste mês. A respeito dessa viagem, Lula disse que seu governo terá interesse em manter e até aumentar o comércio com os americanos, mas deixou claro que pretende mudar as formas de negociação. ?Você acha que eu pareço com o Fernando Henrique? Então. Vai ser diferente?, disse Lula, sem mais detalhes.

Na porta da Embaixada, um pequeno grupo de manifestantes estendeu uma faixa contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e pró-Lula. ?Sí a la vida, no al Alca, Fuerza Lula?, dizia a inscrição, assinada por uma Assembléia Popular Nacional Pró-Fórum Social.

Embaixadores – Na sala principal do palácio que abriga a Embaixada brasileira, onde ficou hospedado, Lula garantiu que não vai alterar 17 indicações de embaixadores feitas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. ?Não vou mexer nas indicações. Não vou mandar voltar depois de um mês, quando a pessoa já se mudou, levou a família?, afirmou.

O futuro presidente disse ter ficado emocionado ao visitar o Palácio La Moneda, sede do governo do Chile, onde foi assassinado o presidente Salvador Allende, no golpe que deu origem à ditadura chilena, a 11 de setembro de 1973. Elogiou a beleza de Buenos Aires, onde esteve na véspera, e riu do comentário de que os argentinos estão procurando um Lula para votar em abril. Não quis, porém, indicar o candidato de sua preferência na disputa presidencial argentina.

Provocado a falar de futebol, Lula disse ter certeza de que o Corinthians iria vencer o jogo da noite e tiraria o Fluminense do campeonato. Ele apostou em uma final paulista, entre Santos e Corinthians, mas não ousou afirmar que seu time seria campeão. ?Pode ser que o Santos leve…?, pensou alto.

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