Lula promete ajudar a Colômbia

Brasília

– O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, classificou ontem, em Brasília, como terroristas os grupos guerrilheiros do país dele, depois de se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para negociar um acordo de cooperação entre as duas nações no combate ao narcotráfico. “No Estado democrático, quando um grupo ameaça ou utiliza a força por suposta ideologia ou questões religiosas, isso se classifica como terrorismo”, disse Uribe. “O que temos na Colômbia são carros-bomba atentando contra todos. Não há como olhar para isso com valorizações subjetivas”, observou. “Temos apenas de classificá-los com o nome próprio.”

O presidente colombiano declarou que não há possibilidade de diálogo com grupos guerrilheiros do país. “A mim, não têm sido dadas opções, apenas a realidade, que é a de grupos que atacam a soberania da Colômbia”, afirmou. Segundo Uribe, a situação no país não permite negociações com grupos como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que são consideradas pelo governo como um grupo terrorista. “Não temos mais outro caminho. O terrorismo é insaciável, não tem ética nem senso humanista. Para eles, os direitos humanos não contam.”

Uribe e Lula selaram um pacto de colaboração no combate ao narcotráfico, incluindo uma determinação para “que os órgãos responsáveis dos dois governos examinem, em caráter prioritário, as modalidades de utilização, pelo governo colombiano, do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia)”.

Antes da visita, especulou-se que Uribe pediria que o governo brasileiro classificasse formalmente as Farc como grupo terrorista. Mas nenhuma menção específica ao grupo foi feita durante as palestras de Lula e Uribe, nem no comunicado conjunto divulgado pelos dois sobre a reunião. Segundo Uribe, uma das principais tarefas conjuntas das forças de segurança brasileiras e colombianas será a de evitar a circulação de drogas, produtos químicos usados na produção da substância e armas destinadas a traficantes e terroristas. Ele afirmou que são necessárias ações para acabar com os mercados negros de armas ou evitar que, onde for impossível a destruição, eles continuem alimentando grupos terroristas que atuam na Colômbia.

Os dois presidentes decidiram constituir um grupo de trabalho “com o objetivo de promover a cooperação e o intercâmbio de informações para a efetiva prevenção e repressão da criminalidade e do terrorismo, inclusive no âmbito dos acordos bilaterais vigentes de extradição e cooperação judiciária em matéria penal”, diz o comunicado conjunto.

Radicais do PT defendem guerrilha

Brasília

– Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometia ajudar a Colômbia no combate ao narcotráfico e ao terrorismo, manifestantes distribuíam na porta do Itamaraty uma carta de protesto contra a “estratégia de relacionar os lutadores sociais da Colômbia ao terrorismo”, assinada por três deputadas federais da ala esquerda do PT, entre outros políticos e sindicalistas. Sem citar, especificamente, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o texto condena as “difamações e mistificações dos verdadeiros lutadores sociais da Colômbia” e a intervenção americana no país, o Plano Colômbia. Distribuído pelo Centro de Estudos Latino- Americanos (Cela), tem entre os signatários os deputados federais petistas Maria José Maninha (DF), Luciana Genro (RS) e Luci Choinacki (SC).

“Nós, brasileiros, manifestamos enorme preocupação com a visita a nosso País do presidente colombiano (Álvaro) Uribe, que foi eleito com apenas 25% dos votos válidos e sob sérias acusações de atividades ilícitas”, diz o manifesto. “Esta visita pode trazer a intenção de colocar o Brasil dentro da estratégia de relacionar os lutadores sociais da Colômbia como terroristas.”

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