Lula não vai extraditar Norambuena

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorda com a extradição do chileno Mauricio Hernández Norambuena, condenado pelo seqüestro do publicitário Washington Olivetto, somente depois que ele cumprir a pena no Brasil, disse ontem o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a extradição solicitada pelo Chile, desde que houvesse comutação das penas de prisão perpétua, que recebeu no seu país, com a pena máxima equivalente no Brasil, de 30 anos de prisão.

Hernández foi condenado no Chile a duas prisões perpétuas pelo assassinato do senador Jaime Guzmán em 1991 e pelo seqüestro um ano depois de Cristián Edwards, filho do dono do jornal chileno El Mercurio. A extradição depende de Lula e do cumprimento pelo Chile das condições apresentadas pelo STF. Mas Thomaz Bastos afirmou em São Paulo, que a decisão do Supremo é indiscutível, mas que será cumprida em termos.

“O presidente não pretende extraditar e essa é a palavra oficial do governo. Não pretende extraditá-lo antes que ele cumpra pena aqui”, afirmou o ministro. “O presidente respeita a decisão do Supremo, mas a decisão do Supremo entrega ao presidente o arbítrio para fazer antes ou depois” de que o chileno pague sua dívida com a Justiça brasileira, acrescentou.

Hernández é ex-membro da Frente Patriótica Manuel Rodríguez e participou de um atentado frustrado contra o ex-ditador chileno Augusto Pinochet en 1986. Em 1996, realizou uma fuga espetacular em helicóptero, de uma prisão de segurança máxima. Ele foi detido no Brasil em 2002, depois de liderar o seqüestro de Olivetto. Por esse crime, foi condenado a 30 anos de prisão. Thomaz Bastos insistiu que “não há o menor risco de o presidente extraditá-lo antes de ele ter cumprido pena aqui no Brasil”.

Bastos esteve em São Paulo para inaugurar duas varas criminais federais e anunciou a especialização de outras duas no combate ao crime de lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro. De acordo com o ministro, a especialização de varas criminais faz parte da política do governo federal de focar o combate ao crime organizado.

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